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Seletiva SWU Oi Novo Som @ Teatro Rival – RJ 11/09/2010

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São 22:30 da noite. Há apenas uma hora do horário previsto para o início da seletiva SWU + Oi Novo Som, dois roadies, sob a batuta de um produtor, desciam os equipamentos que lotavam uma grande Van com placa paulista com gigantes adesivos ‘EX4 – Pop Rock‘. As bandas que disputariam uma acirrada vaga no mega festival SWU degustavam de uma estranha tranquilidade no bar ao lado, o Café Rival, bem ao lado de um Cinema Pornô, formando um contraste com a preocupação dos convidados Sobrado 112, devido ao sumiço de um integrante e cortes na setlist que voava das mãos de um dos membros. Tudo era resolvido na base da cerveja.

Uma hora de atraso depois, uma lista de convidados com aproximadamente 30 pessoas, e até a hora do início, DOIS pagantes, o Teatro Rival iniciou uma noite onde três músicas poderiam decidir o destino da banda, se a viagem valeria e se a noite terminaria na bebedeira até o dia seguinte – para o bem ou para o mal.

Única com torcida, a Síntese de Fortaleza abriu a noite com um som mais original, que mesmo sem carisma ou presença de palco, cativou devido a virtuose do guitarrista, a ótima voz do vocalista e a força do teclado. Teclado que aliás associa o som da Síntese com alguma banda de rock gospel, mesmo no momento em que cantaram em inglês.

A próxima foi a EX4, que só passou o som meia hora antes do evento. O quarteto tem um punch sonoro pré-pronto, nascido de uma competente cozinha e uma montanha de teclados de efeitos. Não dá para negar a alma Barão Vermelho presente ali e a atitude Capital Inicial de ser. Vocais e backs muito bem ensaiados, presença de palco de quem muito ensaia ou faz shows e uma certa pinta de campeão.

Muito gás, energia  e vontade marcaram as primeiras palavras destiladas por Samuel, baixista e vocalista da Overal. O quarteto com um sotaque paulista carregadíssimo fez um Ska mezzo Soul diferente, animador, com letras inteligentes, muito carisma e animação. A banda cresce ao misturar Reggae e Rap e causa risadas com letras tipo “Ontem Fui Pra Jamaica, não fui de avião, fui de fumaça”, pouco antes de apresentar os integrantes da banda, mostrando que sabe utilizar seu tempo no palco.

Daí, com sobretudo preto, gritos e trocando música pelo barulho, o causador do momento destoante da noite foi o Mad Sneaks, de Minas Gerais. Aquele som banhado de Nirvana e punks velhos em 4 acordes, parecia ter vindo direto daqueles buracos onde quando adolescentes, víamos bandas destruírem nossos ouvidos com guitarras com uma única distorção e uma pseudo raiva aparente.

Enquanto o Sobrado 112 se preparava para mostrar seu Skapolka característico, o anúncio do vencedor da noite trazia o mesmo sentimento de uma conquista de anos de luta, uma apreensão necessária, mas que poucos querem sentir. Enquanto os roadies da EX4, devidamente vestidos com a camisa da empresa Endoser conversavam com seus músicos, o pessoal da Overal gritava sua vitória entre pulos e agradecimentos, terminando num abraço coletivo naquele mesmo bar onde tudo começou. Enquanto os 100.000 reais gastos pela outra banda voltavam para a colossal Van, o quarteto vencedor pegava seus instrumentos em suas capas baratas, mas com som sincero e garantiram sua volta a sua terra São Paulo, com show marcado para Itu, no festival das próximas gerações.

E as bandas selecionadas foram: Locomotrom, Overal e Enfuga.

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Músico multi-instrumentista, DJ, viajante, criador e editor-chefe do site RockinPress, colunista e curador convidado do Showlivre, ex-colunista do portal de vendas online Submarino e faz/fez matérias especiais para vários grandes meios culturais brasileiros, incluindo NME, SWU, Noize, Scream & Yell, youPIX e os maiores blogs musicais do país. É especializado em profissionalização de artistas independentes e divulgação de material através da agência Cultiva, sendo inclusive debatedor em mesas técnicas sobre o assunto na Universidade Federal Fluminense (RJ) e no Festival Transborda (MG).

6 COMENTÁRIOS

  1. Boa tarde caros.
    Agraceço em nome de toda a banda pelos elogios e parabenizo a banda Overall.
    No entanto, gostaria de deixar claro algumas coisas que talvez possam ter parecido diferente aos olhos dos presentes, já que na parte sonora parece que agradamos.
    Somos uma banda de Estrada, que temos envolvimento em vários projetos sociais e que terminou 2009 com a marca de 107 shows. Tudo isso nos proporcionou contratos de Endorsees que muito nos ajuda nessa luta para levar música de qualidade e com alma por onde passamos.
    Portanto, ao contrario dos 100.000 reais citados como gastos para o show nesse evento, levamos nada mais, nada menos, do que o padrão EX4, seja para 10, 100 ou 10.000 pessoas.
    É o minimo que podemos fazer para as empresas que nos apoiam, acreditam no nosso talento e tornaram possível nossa ida ao Rio.
    Aproveito para agradecer essas empresas. (ORANGE, CONDOR, EPIFANI,ROLAND,ORION,EVANS, PDP BY DW E ALBA)
    Quanto aos “músicos irritados consolados pelos roadies” acho que cometeu outro engano.
    Perder ou ganhar faz parte do jogo e estávamos preparados para tudo e a harmonia que rolou entre as bandas no camarim desde a hora da chegada não foi quebrada nem mesmo com resultado.
    Um grande abraço a todos.
    Paz e música.

    Carlos Silveira

    Ex4

  2. Então Carlo, realmente o som da banda é bom, bem feito e preparado. Não tenho nada contra vocês terem uma Van, endorser e gastos tanto com isso, só quis enfatizar o contra-ponto das duas bandas que mais mostraram estarem preparadas a ganhar. Realmente, tanto o Overal e a Ex4 foram as melhores e ambas tem coisas muito dispares. Na própria seletiva de São Paulo, ocorreu a mesma coisa: Duas bandas ficaram bem encaixadas, sendo uma profissional, como vocês, e outra menor, como a ganhadora. Só que lá, ganhou a profissional.
    Não duvido da harmonia, união e qualidade de vocês, mas o que eu vi de seus roadies para com a banda foi o que está escrito. Espero realmente que vocês consigam na próxima. Boa sorte.

    Marcos Xi

    RockinPress

  3. Nestes 10 anos de estrada e principalmente nos últimos 6 anos, temos sofrido muito com comparações pela abreviação do significado do nosso nome “Exatamente Quatro” por uma infeliz similaridade com outra banda foneticamente similar.
    De fato, como nosso produtor escreveu acima, todos nós da banda temos o privilégio de ser endorsees de algumas marcas de equipamentos que são o sonho de vários músicos e que certamente um dia foram o nosso sonho também.
    Isso, ao contrário de várias outras incontáveis e efervescentes bandas que tem surgido no (sic) atual cenário musical, não foi conquistado por um empresário ou “paitrocínio”, mas sim pelo tempo de estrada e investimentos pessoais dedicados a cada uma destas marcas, envolvimento este que mesmo antes da formação do EX4 já existia.
    Aplaudo de pé o texto sobre a etapa em São Paulo, onde fui um dos que testemunhou ‘in loco’ e endosso cada uma das palavras que escreveu, porém, como artista, não posso me abster de dizer que em momento algum houve algum tipo de “irritação” de nossa parte, mesmo porque, no exato momento do anúncio da vitória, eu, juntamente com integrantes das bandas “Síntese” e “Overal”, tomávamos despretensiosamente uma cerveja no camarim.
    Compartilho e já publiquei algumas vezes minha posição pessoal (que não expressa em qualquer momento a opinião do EX4), sobre a atual (e irresponsável) cena musical com a qual hoje nos deparamos. Já fui criticado e até hostilizado por isso, mas o que há de se fazer quando vejo a idade chegar e a possibilidade de deixar um legado musical autêntico para os que vem por aí se esvair pelo ralo em meio a cabelos esticados na chapinha e roupas coloridas que promiscuamente refletem uma degradação moral que impera entre os adolescentes?

    Bem, acho que é isso.

    Ratifico que todos os meus esforços pessoais (e neste caso falo também pela banda), serão feitos para que nosso contato seja feito além de palavras escritas, mal entendidos ou pré-julgamentos. Tomara que tudo comece (ou termine) em um balcão com boa cerveja e ao som da autêntica (e imortal) música que rege nossas vidas.

    Rock’n Roll!

    Um abraço, paz e música!

    Robson Caffé.
    Baterista.

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