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Resenha: Manacá – Manacá (2009)

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A tempos que o rock brasileiro pede por uma reformulação em seus som, e com a chegada da internet essa urgencia se tornou mais acessível.
De cara, é fácil se deparar com o nome Manacá. A banda alcançou rápidamente um status na cena indie carioca e posteriormente brasileira. Isso com menos de um ano de formação.
Rapidamente a banda assinou com a Major EMI, mesma gravadora de bandas como Coldplay. Apesar da enrrolação da gravadora em lançar o primeiro full dos cariocas, já gravado por Mário Caldato Jr. na produção, a banda se antecipa e lança o rebento tão aguardado no seu site oficial, somente para streaming.
E acompanhando o especial Manacá, faremos uma resenha completa da porrada que a banda põe pra negócio a partir da hora que a EMI tomar tenência na vida:

Num ritmo denso, delicado e ao mesmo tempo forte, “Flor do Manacá” mostra toda a versatibilidade da banda, onde a criatividade e a voz de Letícia, doce, clara e objtiva, denotam um curioso som indefinido no contexto musical brasileiro. Mas peso mesmo você encontra na quase hard-core Lua Estrela. A faixa que geralmente abre os shows do quarteto carioca, não mostra muita mudança para a demo anterior, distribuída em apenas 400 cópias disputadíssimase e já esgotadas. A única inovação é a inclusão de um belíssimo Cello e uma melhor masterização, ato que ocorre em todo o álbum.

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Canto de Ossanha no CCBB

Com certeza a melhor faixa do álbum é a porrada “Diabo”, ela que chega em sua terceira versão (demo – programa “12 horas no estúdio” da trama virtual – cd) ainda melhor. Com a aquisição de uma sanfona que deixou o som ainda mais matador, um triangulo que chega a confundir a cabeça com o estilo da banda e muito som bom, essa faixa provávelmente será o grande single da banda, só falta a EMI tomar vergonha na cara e lançar logo a bolacha sonora. Essa faixa resume bem a mistura do cancioneiro nordestino com o rock vigoroso e pesado. Realmente não há definição para o som do Manacá.

A história triste da Enfanta, contada em “O galo cantou” se repete na versão acústica. Ambas lindas por demais, não se sabe o tanto que se pode puxar da criatividade dessa banda, mais é definitivamente o que faltava no rock brasileiro. É interessante acompanhar o lado mais rock da banda, levado na revolta da bateria e da guitarra. Com distorções pesadas, quebras de tempo e batidas rápidas, fica impossível não identificar a influencia de bandas como The Mars Volta e pitadas de experimentalismo, embaladas ao som de até de castanholas e do Cello, vindas de “Desejado”.

O swing do baixo também é sobrenatural, regido com maestria pelo ex-assistente de estúdio Daniel Wally, ‘Gaiola” é toda tomada por ele nos versos e no refrão pelo Acordeon de Luiz Coimbra, músico contratado,mas que já está com a banda a um tempo. A música tem uma ginga pop espantosa, uma letra super interessante, e nuancias de estilo no som, vale a pena acompanhar essa música atento. É um rock esperto.

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Lamento no CCBB

“Rosa Branca e Romã” tem um grande apelo pop e é um tanto diferente do contexto do cd. O formato da letra e da melodia me dá a triste lembrança da cantora Pitty, mas salva pelo “gongo” na hora que entra o que pra mim será o segundo single do álbum. “Lamento” é de uma beleza incomenssurável. Desde a simplissidade do início e a revolta da introdução à repetição das letras e a forma que a música é montada, não dá para não gostar dela. É simples e direta, mas super detalhada e merecedora do título de uma das melhores do álbum. Adoro quando a música dá áres do fim, mas entra a guitarra revoltada de Luíz César e mantem o clima rock misturado com o sertão nordestino. Impressionante.

A trinca final começa pela gostosa “Faca de Ponta”. A repetição do refrão irrita um tanto e o apelo pop a qual foi atribuída enfraquece a música, ainda bem que é seguida pela já citada versão de “O galo Cantou” acústica. Sem comentários. E encerrando, com muito orgulho provavelmente dos gênios da bossa nova Badden Powell e Vinícius de Morais, “Canto de Ossanha” arrebenta e encerrada de maneira triunfal o debut mágico da promissora banda carioca.

Bem, com esse som, é mais fácil classifica-la como uma legítima banda brasileira, mesmo seu som nunca ter sido inventado por outra pessoa além desses 4 cariocas talentosos e muito criativos. Manacá é o futuro contando o folclore e o sertão brasileiro na música do mundo.

Rockometro: 8,9

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Músico multi-instrumentista, DJ, viajante, criador e editor-chefe do site RockinPress, colunista e curador convidado do Showlivre, ex-colunista do portal de vendas online Submarino e faz/fez matérias especiais para vários grandes meios culturais brasileiros, incluindo NME, SWU, Noize, Scream & Yell, youPIX e os maiores blogs musicais do país. É especializado em profissionalização de artistas independentes e divulgação de material através da agência Cultiva, sendo inclusive debatedor em mesas técnicas sobre o assunto na Universidade Federal Fluminense (RJ) e no Festival Transborda (MG).

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