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Entrevista: Nantes

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Curitiba, Rio, Salvador, Recife, São Paulo, Goiania, Porto Alegre, Cuiabá e Brasília. As capitais do rock são bem conhecidas pelo circuito independente brasileiro e acabam sendo o território central para novas bandas começarem suas andanças. Mas o Brasil e todas as suas 26 capitais e o Distrito Federal tem sempre aquela surpresinha guardada do Oiapoque ao Chuí, do Acre ao Sergipe.

Justamente no menor estado brasileiro é que nasceu uma das mais empolgantes bandas dessa ótima safra de jovens com pé nos anos 60 e 70 que ouvimos por aí. Nantes é o fruto de um misto de Brian Wilson e uma magia sonora incrementada nos coros altamente cantáveis e grudentos que criados por Arthur Matos, o vocalista, violeiro e nosso entrevistado de hoje:

Começando, como foi esse papo de a banda iniciar e já estar abrindo para os Mutantes?
A banda nasceu em 2007 de uma idéia minha e do Lelo (baixo). Nós já tinhamos tocado em outra banda, mas não deu certo, ai resolvemos botar pra frente esse novo projeto. Convidamos Ravy (bateria, voz). O Rafael (teclado, voz) veio depois, pois tinhamos outro tecladista antes dele assim como com o Fabrício (guitarra, voz). Na época decidimos não fazer shows enquanto não tivessemos nenhum material gravado. Foi ai que surguiu o EP Tempo, lançado em setembro de 2008. Rolou uma repercussão legal no EP, o que nos levou a tocar no aniversário de uma rádio pública daqui, no mesmo palco que os Mutantes! Esse foi o nosso terceiro show, imagine… Depois disso, fizemos um tour pelo nordeste no meio do ano passado e começamos a trabalhar nas músicas desse disco, Alvorada.

Antes Daysleepers e agora Nantes. Vi em algumas matérias que só o nome mudou. Mas o que em si tornou-se diferente dentro da banda nessa nova fase do quinteto?
A mudança do nome foi uma decisão nossa, por estarmos buscando uma visualização maior no cenário independente com o disco que iremos lançar agora, o Alvorada. Achamos o nome “Daysleepers” muito complicado de se falar e escrever, ai resolvemos mudar para um nome mais simples e fácil. A banda nunca esteve tão entrosada e focada como nesses tempos. Estamos ensaianado bastante para o lançamento do disco e consequentemente alguns shows fora do território sergipano.

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“Um Dia na Vida”

Uma banda independente não tem muita pressão na gravação de disco além do seu próprio entusiasmo. Conte como foi a gravação da bolacha.
O processo de gravação do disco foi excelente. Realmente uma experiência tremenda. Passamos 4 meses gravando (nos finais de semana), sem limite de tempo, ou seja, tivemos tempo de experimentar sons, testar vários instrumentos. Começamos pelas baterias, onde tivemos a oportunidade de alcançar o som desejado para essa gravação. O Ravy parecia uma criança gravando de tão feliz. Depois fizemos os baixos, os violões, guitarras, teclados e percussão, todos com a maior folga do mundo, a base de biscoitos de padaria, café, coca-cola e as vezes McDonalds!

Toda a gravação tem seus momentos comédia. O que rolou?
Lembro que numa das sessões do violão eu estava gripado e na música “Talvez Você Possa Cantar”, no inicio antes do primeiro verso, você percebe uma puxada de catarro pelo nariz! (risos) Não deu pra tirar. Nos fones é mais perceptível, porque o microfone do violão pegou! Rolaram altas coisas que a gente acabou deixando, tipo o celular tocando no final da “Marcha” – no finzinho mesmo. Nunca tinhamos percebido, só quando estavamos mixando. E tem o bandolim no fim de “Velha Estante” que foi totalmente inusitado. O Fabricio (guitarra) tava com o bandolim na mão tocando, isso sem gravar nem nada, ai ele pegou uma baqueta e começou a bater nas cordas do bandolim. Eu estava gravando minha voz nela e na hora do acorde de A (lá) deu certo. Ficou bom pra porra e gravamos!

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“Velha Estante”

As composições são, aparentemente, muito confecionais. Como nascem as composições e arranjos da banda? Quem chega primeiro, acerta os vocais e tal?
As composições vieram meio que do nada, a maioria delas estava fazendo uma coisa qualquer, e elas apareciam na minha cabeça. Mas o interessante que as idéias só vinham tarde da noite, o que me faz ficar acordado até muito tarde. Eu pego o violão e começo a trabalhar na música, geralmente trabalho primeiro as melodias, depois faço as letras. Os vocais são feitos dessa forma também. Daí, vem uma idéia e já é! Corro pro computador e gravo tudo pra não esquecer. Só aí sento com o pessoal e começamos a discutir os arranjos vocais tentando melhorar algo, assim como os arranjos instrumentais e assim que as canções vão nascendo.

Várias músicas falam de fazer canções, tocar na rádio, lançar cd… Como é a preocupação com o sucesso?
O sucesso é uma questão interessante nesse mundo musical sabe, quem nunca sonhou em fazer sucesso, aparecer na Tv, cantar para muitas pessoas… É natural. No nosso caso, nós sempre pensamos de uma forma mais lúcida, nunca pensamos que iriamos ou iremos estourar, sempre levamos a banda como um trabalho sério, mas sempre focado na nossa satisfação pessoal como músico, como compositor e sempre esperando que as pessoas se identificassem com nossas canções, sejam elas 10 pessoas, ou 1000 pessoas, ou nenhuma, o importante é deixar fluir fazer as coisas do jeito que você achar mais conveniente, quem sabe a gente não tira a sorte grande!

Uma das marcas da banda são os coros ensaiadíssimos dignos da qualidade que bandas como o Fleet Foxes e Beach Boys. Mas para a cena independente brasileira e principalmente a sergipana – feita pelos próprios músicos – deve ser um pouco complicado transpor a qualidade dos arranjos vocais ao volume desigual do microfone dos palcos independentes da vida. Existe um medo de não conseguir mostrar a beleza do álbum ao vivo?
O medo existe sim! Ainda mais por estarmos começando a nossa vida musical ativa a pouco tempo. Ao vivo sempre foi nossa preucupação de fazer soar aquilo que nós gravamos da melhor maneiro possível. No inicio da banda era mais dífícil conseguir esses resultados, hoje em dia devido aos inúmeros ensaios, tanto só vocais, como com a banda inteira, conseguimos fazer no palco o que foi feito no disco, mesmo com todas as dificuldades que as vezes passam por nós, como equipamento de som ruim, ou um mesário (técnico de som) sacana. A idéia é ter um mesário fixo que trabalhe conosco sempre as vezes tocamos com um mesário contratado nos acessorando, mas custa caro. A idéia é conseguir um mais pra frente. Ah! As vezes a gripe atrapalha também! (risos)

Mas contratar um técnico de som próprio e armar turnê independente no Brasil encarece demais, principalmente para uma banda com cinco integrantes. O indie é, as vezes, carrasco de nossos bolsos, com produtores sacanas, e seis pessoas descerem do nordeste pra tocar no Sudeste acaba sendo muito complicado, não?
Com certeza, posso dizer a você que não temos condições nenhuma agora de fazer isso. Estamos preparando uma tour pelo sudeste/sul pra janeiro de 2011, e os custos são caros então requer alguns sacrifícios.

* Alvorada sai dia 19 de Setembro para download gratuito. Mais infos sobre o novo disco muito em breve.

Myspace | Download do Ep O Tempo | Download do Single “À Espera do Sol”/”Marcha”

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Músico multi-instrumentista, DJ, viajante, criador e editor-chefe do site RockinPress, colunista e curador convidado do Showlivre, ex-colunista do portal de vendas online Submarino e faz/fez matérias especiais para vários grandes meios culturais brasileiros, incluindo NME, SWU, Noize, Scream & Yell, youPIX e os maiores blogs musicais do país. É especializado em profissionalização de artistas independentes e divulgação de material através da agência Cultiva, sendo inclusive debatedor em mesas técnicas sobre o assunto na Universidade Federal Fluminense (RJ) e no Festival Transborda (MG).

3 COMENTÁRIOS

  1. […] entrevistas – que vão desde artistas nacionais em crescimento, como Jennifer Lo-Fi, Nantes e Dead Lover’s Twisted Heart, até os reconhecidos internacionalmente, como Beirut, Elogy e […]

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