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Sinewave Festival III @ Jokers Pub, Curitiba-PR 21/01/2011

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Desde quando o Sinewave Festival III foi anunciado, há algumas semanas, a promessa era de trazer pela primeira vez a Curitiba muito barulho, experimentalismo e distorção para derrubar o teto do Jokers. Talvez por isso a grande expectativa do público fosse notável em um Jokers mais povoado do que costuma ser após o happy hour. Pouco depois das 22h olhos e ouvidos se voltavam atentos ao palco ocupado pela primeira banda da noite.

Black Sea começou discretamente, mas seu post-metal viajante foi suficiente para tirar as pessoas das mesas e trazê-las para perto do palco, onde acontecia uma fusão inebriante de vocais guturais, muita distorção e toda mistura de texturas que o post-rock pode oferecer. Com um repertório conciso e performance acertada, a banda ofereceu um show correto e superou o obstáculo de ser a primeira da noite, aquecendo o público para o clímax que viria depois.

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Com um púbico bem mais envolvido no clima da noite, This Lonely Crowd subiu no palco sob aplausos de fãs que sabiam que aquela era uma oportunidade única de ver uma banda que não faz shows – apesar de no dia seguinte a banda ter dito em seu twitter que mais apresentações podem estar vindo por aí. A resposta à visível empolgação do público foi uma banda à vontade, em meio aos sorrisos do vocalista Humpty Dumpty, que parecia brincar no palco, e toda distorção que é possível em uma banda que conta com três guitarras – tanta distorção, aliás, que houve momentos em que mal tocava-se nas cordas da guitarra, com a atenção voltada toda aos pedais. O resultado foi uma plateia empolgada pedindo bis e cinco pessoas deixando o palco com o olhar de quem preferia não sair de lá.

Pegando carona na “vibe”, Herod Layne já começou a performance com uma música explosiva e continuou a explosão pelos minutos seguintes, minutos esses que talvez tenham sido horas ou segundos, já que foram impossíveis de serem mensurados no hiato espaço-temporal que surgiu naquele ambiente durante a apresentação da banda. O tempo parou, a Terra parou, e tudo o que existia naquele momento eram linhas baixo pesadas, guitarras furiosas e cheias de distorção, com Sachalf e Lippaus literalmente gritando em suas guitarras, e uma platéia que se dividia entre pessoas ensandecidas – como foi o caso do sujeito que subiu no palco e fez um stage diving mesmo sem ninguém para segurá-lo – e pessoas que sequer conseguiam ter alguma reação – como foi o meu caso. Show explosivo, inebriante, incendiário, que deixou o público em outra frequência.

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Depois de Herod Layne ter destruído o equilíbrio, não sobraram muitas opções para o restante da noite: ou as coisas iriam desandar ou o universo iria implodir. Se você está são e salvo lendo isso, é porque aconteceu a primeira opção.

Com uma demora razoavelmente maior para começar e o número de espectadores começando a diminuir, Loomer lutou para ter uma boa performance apesar dos problemas técnicos. Pedais faltando, microfone com muito reverb, a baixista Liege Leite pedindo desculpas pelos problemas. Mas apesar dos empecilhos, a banda conseguiu manter a atenção dos espectadores com uma apresentação com direito a música nova e que, apesar de não ser tão forte quanto o habitual da banda, foi melhor do que muitos sonham em fazer. Apesar do visível desconforto da banda, o resultado foram aplausos e palavras de incentivo bradadas durante praticamente toda a apresentação, além de algumas almas como a do sujeito do stage diving, ainda em polvorosa pela performance anterior.

Herod Layne (foto por Carlos Schner)

Talvez pela demora ainda maior que a anterior ou talvez por ser uma das bandas menos conhecidas da noite, um grupo de pouco mais de dez pessoas ainda povoavam a pista quando Duelectrum subiu ao palco. Devido a imprevistos, a banda não contava com seu baixista, que acabou sendo substituído por Elson Barbosa – dono do baixo da Herod Layne e um dos realizadores do festival. Para os poucos que ficaram para prestigiar a banda, o que se viu foi uma grande demonstração de consideração com o público através de uma performance, apesar de curta e quase constrangida, sincera como tudo o que foi mostrado naquela noite.

Apesar dos visíveis imprevistos e dificuldades, o que realmente prendeu a atenção foi uma sucessão de grandes bandas proporcionando grandes momentos. A promessa de derrubar o teto do Jokers chegou bem perto de ser cumprida e o saldo da noite foi uma surdez temporária, que foi o melhor presente de uma noite que merece ecoar, sem a influência de ruídos mundanos, na mente dos que tiveram o privilégio de participar.

7 COMENTÁRIOS

  1. No caso da cena curitibana, eu apontaria This Lonely Crowd como herdeira, voluntária ou não, de uma cena guitar que era forte nos anos 90 com bandas como Whir, Neo, Mosha, Plastic Fish, Iconoclastas, Elliot (esta de Ponta Grossa), entre outras. Quem sabe outras não saem da sombra e ressuscitem isso de uma vez…

  2. velho, que boa lembrança o Leonardo citou. Bons tempos que parecem estar voltando das sombras junto com a cena shoegaze/post/experimental que vem crescendo no país pouco a pouco. Tem muita banda foda ainda pra sair da toca e dos buracos desse país.

  3. Foi mt bom…tô impressionado até agora!!! Teve esses atrasos que vcs falaram na resenha que deu uma cansera desgraçada mas valeu, foi um show mais pauleira que o outro. O Blk sea foi massa, pesadão, o Herod Layne foi surreal, caos completo. O Duelecturm acabei perdendo pq achei que num fosse rolar(as músicas que ouvi pela net são mt boas) o Loomer não vi todo mas são redondaços tocando, realmente parecia o MBV ao vivo. Ainda tô de queixo caido com o Lonely Crowd, sério memso , fiquei emocionado vendo eles. Tem muita força e carisma nas músicas…Herdeiros dos guitars curitibanos dos anos 90 certeza!!

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