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Show: A Grande Roubada @ Lapa 15/02/2020

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Lapa, reduto boêmio da diversidade cultural, teve seu representante rock tomando conta da casa que historicamente funciona ao som do Forró, a tão famosa Asa Branca. Essa retomada das guitarras em cima da sanfona e do cavaquinho da Sapucaí, trouxe as camisas pretas de seus representantes com as inscrições “Glass And Glue“, “Zander“, “Black Drawing Chalks” e “Autoramas“, montando assim o segundo dia da festa A Grande Roubada de Carnaval (que no primeiro contou com Zumbis do Espaço, Ratos de Porão e outros).


O público fez uma grande fila do lado de fora e ainda ia chegando à belíssima casa de shows quando, um pouco depois da meia noite, duas belas jovens tomaram os microfones lotados de reverb e começaram a festa das guitarras. O Glass and Glue abriu o festival com poses sexies das vocalistas Marina Franco e Mayana Moura, as guitarras avassaladoras e seguras de Fabricio Matos e Paulo Ferreira, a simpatia da baixista Eliza Schinner e do peso e personalidade do baterista Fabiano Matos.

A animação de quem estava embaixo do palco não se refletia na grande movimentação em cima do tablado, mas a banda conseguiu um bom momento ao tocar versões de She Wants Revange e The Kills, emendando com boas canções próprias como “Time Was Gone” e “Queen of Drama”. A qualidade dos músicos e a boa sonorização da casa, ajudaram o Glass And Glue em momentos como quando o cabo do baixo se soltou em meio a empolgação da baixista e quando o baterista recebeu uma garrafa atirada do público e o objeto caiu em cima da caixa da bateria, atrapalhando a execução da batida. Apesar dos percalços, um bom início para uma grande noite.


Zander é um somatório de bandas clássicas da cena Punk/Hardcore numa proposta de mistura a outros ritmos, como blues e o samba. Os fãs fiéis rapidamente ocuparam a grade e berravam a cada música, a cada letra, e fazendo até moshs improvisados. Houve até aquele que acendeu o isqueiro em “Dialeto”, o que é irônico, já que a música mantém a linha hardcore original.

De longe, parece um Dead Fish despolitizado (ex banda de um dos integrantes do Zander) mas a atitude e as jams de samba e blues desvirtuam do estilo original, e passam a ser o diferencial da banda, ilustrando a criatividade dos músicos. Quem não os conhecia provavelmente foi procurar algo sobre o grupo; quem já era fã, teve mais uma chance de mostrar isso nessa apresentação.

Uma das bandas mais esperadas da noite, o Black Drawing Chalks juntou todo o público na frente do palco e foi direto ao assunto: Rock n’ Roll de primeira como só eles sabem fazer. Animação de sobra, poses, solos, cabelos batendo para todos os lados e uma celebração e culto às guitarras distorcidas. O repertório foi calcado no último álbum, o mais do que elogiado Life is a Big Holiday For Us e ainda sobrou espaço para palavras de agradecimento e explicações.

A qualidade do som da banda é formada por um inquieto baixista de botas vermelhas, uma bateria fulminante e muito criativa, uma voz altamente fora dos padrões – o que é um elogio – e guitarras lotadas de riffs nervosos e inteligentes, onde, no palco, viram caminho para uma forte movimentação dos músicos e delírio do público, principalmente no grande hit e melhor música de 2009, “My Favorite Way” (pela Rolling Stones e o Rock in Press). Ótimo show.


Para encerrar e celebrar o rock n’ roll no momento do samba, o Autoramas interrompeu sua turnê do álbum Desplugado – que saiu para download gratuito pela Trama Virtual –  e voltou à sua terra natal depois de uma ótima turnê pela Alemanha. Um show daqueles mesmos profissionais que já alimentam o imaginário indie com suas ótimas danças coreografadas e riffs de guitarra poderosos, fazendo parecer que no palco estão duas guitarras e um teclado, e não apenas a guitarra de Gabriel Thomaz, o baixo da bela Flávia Couri e as baquetas do animado Bacalhau.

Na pista, até quem estava ali para ver outras bandas caiu na dança proposta pelo Autoramas, cantaram junto em “Você Sabe”, “Nada a ver” e “Mundo Moderno”. No final do show, todo o público já dançava em rodinhas de pogo e cantava até as letras que não sabiam, mostrando o porque eles foram a única banda a dar um bis na noite.

No fim, o rock prevaleceu sobre todos os ritmos estranhos que logo em frente à casa brigavam em carros com som. Às 4:30 da manhã, quando a banda deu seu último acorde e os sorrisos deram lugar ao caminho de casa, mesmo que do lado de fora tenhamos que desviar da quantidade monstruosa de lixo e camisinhas usadas, o rock prevaleceu e se fortificou no Carnaval.

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*Resenha por Marcos Xi
*Fotos por Juliana Ribeiro
*Edição de imagens por Roseli Lima
*Revisão por Andressa Muniz e Dayson Ruan
*Obrigado ao Raoni e a Patifaria Produções, as bandas e ao rock n’ roll.

2 COMENTÁRIOS

  1. […] Não há mais infos – pelo menos não achei – além de que em sampa, eles tocarão no festival de música eletrônica Kaballah, que deverá ser na edição de 7 anos do evento. Já no Rio, a casa de shows Asa Branca abrigará os canadenses. Vale lembrar que o Asa Branca é uma bonita e aconchegante casa de forró localizado bem em frente aos arcos, ao lado do Cine Lapa, e só abriu espaço para o Rock e outros gêneros esse ano, com a festa A Grande Roubada. […]

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