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Resenha: Sunset Rubdown

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Álbum: Dragonslayer

Artista: Sunset Rubdown

Lançamento: 23/06/09

Gravadora: Subpop

Myspace: myspace.com/absolutelysunset

Rockometro: 9

Foi-se o tempo em que o Sunset Rubdown, projeto encabeçado por Spencer Krug (Wolf Parade, Swan Lake), se preocupava em fazer belas capas para seus discos. O primor em Shut Up I Am Dreaming, trabalho de estréia do conjunto, deu lugar à preguiça no disco seguinte, Random Spirit Lover, e se transformou, por fim, em ofensa estética com Dragonslayer, lançamento mais recente do grupo canadense. A capa é feia de doer. Se a ambição gráfica da banda parece se inspirar nas cirurgias plásticas feitas pelo finado Michael Jackson, o mesmo não pode ser dito sobre a parte que realmente interessa: Dragonslayer dá continuidade à saga musical do Sunset Rubdown e mesmo que não seja o melhor trabalho da banda, ainda assim segue na dianteira dos grandes títulos lançados em 2009.

A exemplo do Wolf Parade, banda mais conhecida de Spencer Krug, o Sunset Rubdown também possui uma trajetória musical marcada por diferenças significativas entre seus discos. Shut Up I Am Dreaming serve como ponte entre a tosqueira lo-fi das primeiras gravações solo de Spencer Krug sob a alcunha Sunset Rubdown e a grandiosidade épica que se tornou característica marcante da formação de conjunto. O resultado deste embate são canções antológicas, tensas e emocionantes, com alternâncias bruscas de andamento aliadas a uma delicadeza extrema – ouça apenas o tilintar dos xilofones presentes em ao longo do disco – como se pode constatar em “Us Ones In Between”, “Stadiums And Shriness II” e “The Empty Threats of Little Lord”. “Random Spirit Lover” tira de vez o pé do lo-fi e entra de cabeça no experimentalismo. “The Mending of The Gown”, “Winged/Wicked Things” e a dançante “The Taming of the Hands That Came Back to Life” com sua pegada disco, comprovam outro êxito da empreitada.

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clipe de “Black Swan”

Quando tudo parecia apontar para um aprofundamento experimental ainda mais lunático, surpresa: Dragonslayer dá dois passos para trás e vai diretamente aos anos 80 buscar uma veia pop para integrar ao variado caldeirão de influências da banda. Desse retrocesso surge um novo avanço: se as recentes composições aparentemente perdem em complexidade, por outro lado ganham em frescor e acessibilidade, sem que isso signifique necessariamente prejuízo aos ouvintes. Até porque os elementos centrais da musicalidade da banda ainda estão presentes: o desespero sincero de “Idiot Heart”; os ruídos de “Black Swan” – prima de “Spiders”, do Wilco; o sabor épico de “Dragon’s Lair” e “Nightingale/December Song”. Só que agora estes elementos ganham um novo filtro: a melancolia, que era tratada quase que exclusivamente em preto e branco, ganha cores. E quentes.

“Silver Moons” abre o disco esbanjando emoção em letra que versa sobre as agruras do crescer. Apesar de tudo, a tônica é a esperança: ‘maybe these days are over now’. O final da música, com a paradinha ao piano e as guitarras gritantes é um dos momentos mais sublimes do disco. “Idiot Heart”, que nasce da encruzilhada entre o hard rock e o pós-punk oitentista, é pura catarse. Não há como permanecer imune diante da choradeira copiosa ‘and you know your heart, but it’s an idiot heart’. “Apollo and the Buffalo and Anna Anna Anna Oh! e You Go On Ahead” (continuação de “Trumpet Trumpet Toot Toot”, de Random Spirit Lover) nasceram para serem cantadas na voz de Cyndi Lauper – pode não parecer mas isso é um tremendo elogio! ‘Nightingale/December Song”, apesar da bela letra não chega a empolgar por causa de sua estrutura muito linear.

Porém a cereja do bolo foi cuidadosamente deixada para o final. Em pouco mais de dez minutos – que soam como uma canção com a metade de sua duração -, “Dragon’s Lair” é um passeio por todas as fases da história do Sunset Rubdown. Está tudo ali, cuidadosamente disposto: o amor juvenil, obsessivo; a mitologia particular de Spencer Krug; o vocal desesperado, contrastado com a doce voz de Camilla Wynne Ingr; o piano preciso; o xilofone comovente; a ambição pop misturada ao sabor épico; as alternâncias de momentos dentro de uma mesma música; os ‘ohhhh ohhhh ohhhhs’ e vocalizações. Verdade seja dita, pode-se até não gostar, mas é humanamente impossível ficar indiferente a esta pequena obra-prima.

Com canções tão bonitas quanto as que compõem o repertório de Dragonslayer quem vai perder tempo reparando nas capas grotescas dos CDs do Sunset Rubdown?

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