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Resenha: Som Velho, Espírito Jovem

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Álbum: Spirit Youth

Artista: Depreciation Guild

Lançamento: 18/05/2010

Selo: Kanine

Myspace: myspace.com/thedepreciationguild

Rockometro: 9,1

Quem acompanhou a cena independente do ano de 2007 com toda certeza ouviu falar no Depreciation Guild. Apesar do avanço da tecnologia e consequentemente da facilidade de erguer-se no mundo da música mesmo vindo de uma gravadora underground, o Depreciation Guild continuou na moita, conquistando seus fãs de tempo em tempo e ganhando cada vez mais reconhecimento que são totalmente creditados à seus esforços.

Neste mesmo ano de 2007, a banda lançou seu primeiro disco, In Her Gentle Jaws, claramente influenciado pelo shoegaze de raiz de bandas como o My Bloody Valentine (o Depreciation Guild tem até o título de melhor cover do MBV) e o Jesus and Mary Chain, que foram somados à programações eletrônicas ácidas e tiradas de video games. O tempo foi passando, e o amadurecimento finalmente veio agora em 2010 com Spirit Youth; uma verdadeira despedida ao espírito jovem seguido da aterrissagem no mundo pop.

Se você ficou aficcionado pelo som extravagante do Depreciation Guild que veio ao mundo em 2007, irá fazer muitas perguntas, mas uma única apenas que abrange a todas as outras prevalecerá: onde está o bendito Depreciation Guild? Eles estão aqui, bem à sua frente, só que crescidos e decididos à respeito da sonoridade de sua banda. Os sintetizadores crus baseados em video games à la Nintendo sumiram, e a distorção exacerbada das guitarras abaixou de volume. Entraram no lugar as melodias mais bem trabalhadas, uma melancolia mais presente, e a clara opção pelo dream pop – tudo isso jogar fora a paixão pelo shoegaze. Agora sim eles estão prontos para decolar.

Spirit Youth é um bom exemplo do que é um álbum pop: músicas de fácil digestão, e o mais importante, o uso da inteligência e sinceridade – sem apelações às massas. Tudo irá ocorrer naturalmente quando músicas como “My Chariot” e “Crucify You”, de uma ingenuidade belíssima escorrerem para as rádios. As baterias abafadas bem típicas do My Bloody Valentine são a base para os doces vocais de Kurt Feldman dominarem as músicas junto de sua guitarra envolvente.

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“Dream About Me”

Mas a principal fonte explícita da influência do MBV ainda está por vir: “Dream About Me”, que conseguiu reunir todo o sentimentalismo à flor da pele e a doçura do MBV e ainda mostrar uma originalidade à parte na sonoridade sedosa dos sintetizadores. “November” é dona de uma melancolia mais escancarada, que desencadeia um baixo histérico até a entrada da voz absolutamente linda de Kurt, que também dá um show em “Trace”, que mostra um lado sonoro mais oitentista e que lembra um pouco do ápice da carreira do Smiths.

“A Key Turns”, para os fãs mais insatisfeitos, mostra que ainda há resquícios do estilo musical antigo da banda, com uma bateria eletrônica que dá um toque meio synth-pop ao disco. A faixa-título, “Spirit Youth”, lembra os tempos de glória do The Cure, que também aparece na última música do álbum, “White Moth”, que mostra um lado mais intimista e delicado da banda.

Mais uma vez o êxito se fez presente em mais um trabalho ao Depreciation Guild: conseguiram juntar em uma ótima obra várias referências músicas distintas e mais mesmo tempo semelhantes e criar um som próprio que chega a arrepiar. Fecharam um dos melhores discos de 2010, com uma obra que é um sonho. Um sonho pop.

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por Lucas Lima do Disco Pops
Não, ele não pega a Sandy…

4 COMENTÁRIOS

  1. Se o disco tiver mais músicas do nível da Dream About Me, será um discão, viu. Essa aí me deu água na boca ano passado! Ótima dica!

  2. Realmente, a primeira pergunta que fiz foi essa: “Cadê os Depreciation Guild??”. Preciso ouvir mais, pra me acostumar e entender melhor. O primeiro álbum marcou muito

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