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Resenha: Phillip Long – Gratitude

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Phillip-Long-GratitudeÁlbum: Gratitude

Artista: Phillip Long

Lançamento: 14 de junho de 2013

Selo: Musicoteca / RockinPress

Baixe: amusicoteca.com.br/?p=8168

Rockometro: –

 

Acsa Serafim, 20 anos, de São Luis, no Maranhão.

Phillip, sábado pela manhã fui ouvir o disco pela primeira vez e tive uma experiência muito significativa. Posso dizer que foi uma experiência mística. Li em algum lugar que experiência mística é: “Uma experiência mística significa experimentar a sensação de fundir sua alma com Deus. É que o “eu” que conhecemos não é nosso “eu” verdadeiro e os místicos procuravam conhecer um “eu” maior que pode possuir várias denominações: Deus, espírito cósmico, universo, etc. No entanto, para chegar a esse estado de plenitude, é preciso passar por um caminho de purificação e iluminação através de uma vida simples”. Foi exatamente isso que sua música me proporcionou.

Enquanto tava tocando “Woke Up This Morning” na maior altura possível no meu rádio, fechei os olhos, deixei o peito aberto, abri as janelas e deitei no chão, pra me concentrar na música. Logo me senti fora do corpo. Infelizmente não sei explicar isso, porque as palavras são um tanto incompetentes pra traduzir esse tipo de experiência. Senti um calor muito forte, e me vi em cima de uma montanha com muito capim e muito vento. Tinha um cachorro balançando o rabo eternamente, correndo em torno de um casal, que estava deitado sobre o capim a procurar desenhos nas nuvens. lá embaixo, um mar enorme e azul batia na encosta da montanha. Essa imagem que pintei na cabeça enquanto te ouvia ficou muito forte. Eu nem sabia que lugar era aquele que resgatei do meu subconsciente, nem quem era aquele casal, nem o cachorro, nem nada, e justamente nessa hora, chorei muitíssimo. Chorei tanto que solucei. Minha sorte é que meus pais não estavam em casa, do contrário confundiriam – como todos confundem – aquele choro com tristeza. Eu não estava triste. Eu nem sei o que senti de verdade, sabe? Foi muito forte.

phillip long lança seu novo clipe Grace

Eu simplesmente percebi, naquele momento, logo quando começava a tocar “Once (In The Name of Love)”, que eu não conheço nada do mundo. Sou uma completa ignorante. O que sei do mundo são essas mesmas sombras esvaecidas que os homens da caverna no mito de Platão viam, e, com isso, se contentavam. Chorei porque, por algum motivo, sua música me fez perceber a imensidão de coisas às quais desconheço. Me senti pequena. Me senti tão pequena que queria que o universo me abraçasse, que sua música criasse vida e viesse me fazer uma visita. Cara, eu nunca tinha sentido isso ouvindo qualquer coisa. O mais próximo que me aconteceu de chorar assim ouvindo canções, foi uma vez escutando Sigur Rós dentro do banheiro de um aeroporto antes de partir de uma cidade em que deixava muito do meu coração. Mas, nesse caso, tem mais a ver com a saudade e tristeza de partir do que à música, propriamente. Nessa experiência que sua música me proporcionou sábado, devo todas as lágrimas de espanto e contentamento à sua música.

Na noite do sábado, voltei a ouvir o disco, prestando atenção especial à “Grace”. Dentro do ônibus, voltando pra casa, chorei muitíssimo. “I’m so grateful for this day. There’s only love in the path we make…”. Grateful. Gratidão. Caralho. Era isso. Ser grato ao universo, a Deus, à natureza, ao cosmo, a tudo, por ter alguém, por se encontrar em alguém, por se FUNDIR a alguém! Sua música, esse disco todo, é sobre isso. Fusão. Gratidão por ter encontrado a paz no amor alheio. Fiquei olhando a janela, os prédios passando, e senti paz. Muita paz.

“Mysterious Ways” me fez chorar também, porque fala de Deus de uma maneira tão doce, pura e própria que eu não pude deixar de chorar. Tenho andado numa busca louca por saber quem é Ele, e, na sua música, senti que essa busca era desnecessária. Sabe? Que tudo que eu precisava era me preparar pra recebê-lo. Porque eu, na minha finitude, não posso alcançar esse alvo infinito. Mas ele, em sua infinitude, pode me alcançar. É só lavar as mãos, preparar a mesa e convidá-lo pra jantar. Ele sempre vem de formas misteriosas, não é?

phillip long

Phillip, mil desculpas por esse texto longuíssimo. Sei que tu és um artista ocupado, mas fiquei maravilhada com a possibilidade que a internet me oferece de te dizer tudo que tua música me ofereceu, tendo a certeza de que tu tens como ler essa mensagem. Eu te agradeço demais por teres gravado esse disco, por ter te apaixonado por alguém aí no teu espaço a ponto de ter te inspirado pra escrever essas músicas raras. Elas são tão verdadeiras, tão cheias de amor, que eu não posso fazer outra coisa que não me orgulhar de você, mesmo sem jamais ter te visto ou ter qualquer vínculo contigo. Você é, de longe, um dos maiores artistas brasileiros, mesmo que tu não tenhas pátria e pertenças à humanidade. Não pense nenhum dia em desistir da música. Outros milhões de pessoas precisam sentir o que senti ante-ontem.

Gratitude é esse disco genial e verdadeiro. E música sem verdade é uma tolice. Música baseada em experiências reais é o verdadeiro ouro. Teu álbum nos ensina a ser gratos, mesmo que não saibamos ao quê. Um grande abraço, meu querido irmão.”

Retirado de forma integral de uma mensagem na página oficial do Phillip Long.

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Músico multi-instrumentista, DJ, viajante, criador e editor-chefe do site RockinPress, colunista e curador convidado do Showlivre, ex-colunista do portal de vendas online Submarino e faz/fez matérias especiais para vários grandes meios culturais brasileiros, incluindo NME, SWU, Noize, Scream & Yell, youPIX e os maiores blogs musicais do país. É especializado em profissionalização de artistas independentes e divulgação de material através da agência Cultiva, sendo inclusive debatedor em mesas técnicas sobre o assunto na Universidade Federal Fluminense (RJ) e no Festival Transborda (MG).

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