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Resenha: Os subúrbios do seu coração.

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Álbum: The Suburbs

Banda: Arcade Fire

Lançamento: 02/08/2010

Selo: Merge Records

Myspace: http://www.myspace.com/arcadefireofficial

Rockômetro: 9,95

Involuntariamente (ou não) a imprensa musical, com toda a sua exigência e suas listas de fim de ano,  fez com que a qualidade de disco melhorasse exponencialmente, pois num mundo capitalista, ninguém quer ficar ‘pra trás’, mesmo que isso não tenha o mínimo sentido.

Mas, pra não contrariar os clichês da vida, isso também tem o lado ruim. Bandas competindo e ouvintes alienados. ‘Como assim, alienação nesse nosso meio? Isso não existe, Dayson.’ AHAM, sentem lá.

Do mesmo modo que reclamamos que a as redes de TV e de rádio influenciam e alienam as massas, fazendo com que eles escutem ‘aquilo que é ruim’, a NME e a Pitchfork, também fazem isso com sua cabecinha, amigo.  Ou vai dizer que você não corre pra escutar aquele disco daquela banda totalmente desconhecida de obscure-dark-pop-post-hip-hop só porque alguma revista deu nota 9? E não, eu não culpo ninguém por isso. É involuntário, é necessário.

– Mas pra quê toda essa divagação? Onde o Arcade Fire entra nisso?

O Arcade Fire entra agora, numa das comparações mais desnecessárias da história da música, e o maior exemplo da alienação indie que a imprensa musical provoca.  Num dia infeliz, algum resenhista da respeitada BBC disse que The Suburbs, o novo e tão aguardado terceiro disco do grupo canadense, é indiscutivelmente melhor que Ok Computer, considerado a grande obra do Radiohead.

Então, a galera foi à loucura. Os integrantes do Radiohead são considerados deuses do Rock pra galera indie e Ok Computer é considerado o grande disco deles e talvez o melhor da história, então, se The Suburbs for realmente melhor, teremos o melhor disco da história. Nervos à flor da pele, o disco vazou e um balde de água fria é jogado num amontoado de franjas. Parabéns BBC, estragaram um ótimo disco, decepção pra muitos.

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=XAitZuh4ueg]
“The Suburbs”

Sabem porque todo mundo se decepcionou? A galera foi escutar o disco esperando que “Empty Room” fosse a nova “Karma Police”, esperando que Win Butler tivesse tiques espásmicos como o Thom Yorke, e é óbvio que isso não aconteceu. O Arcade Fire tem muita identidade pra querer ser comparado a qualquer banda.

– Mas então, The Suburbs é melhor ou não que Ok Computer?

Respondo a essa pergunta, que já me fizeram dezenas de vezes,  mesmo que o disco só tenha vazado há um dia, assim: pra começar, o melhor disco da carreira do Radiohead é o In Rainbows, experimentalismo e apelo pop ao mesmo tempo. Genial. E na década passada, a tríade sagrada de discos é: Funeral, Neon Bible e In Rainbows, nessa ordem. E todo mundo sabe que os dois primeiros são os geniais discos do Arcade Fire. E The Suburbs? Bem, ele só não é melhor que Funeral.

Então, no mínimo, temos o melhor disco produzido desde 2004.

– Mas que tal falar sobre o disco em si?

Ok. Arcade Fire, além de uma banda, é praticamente uma família. Win é casado com Régine e é irmão do Will. Gara, Neufeld, Parry e Kingsbury são como seus filhos adotados e essa família recebe constantemente a visita do amigo Owen Pallet. O ambiente perfeito, onde a melancolia de cada integrante só é sobreposta pelo amor. Amor à vida, amor por si mesmo e aos próximos. Um ambiente onde você pode se submeter ao medo e ao sofrimento, mas que alguém, na hora exata, vai estar lá pra te resgatar.

Em The Suburbs, os irmãos Butler resolveram contar suas vidas, a infância difícil e sobre a vida nos subúrbios. E pra contar essas histórias, além das magníficas orquestrações, a banda adicionou a crueza do rock e obscuridade dos synths. Uma mistura de Depeche Mode com Neil Young, como eles mesmos dissseram.

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“Ready To Start”

O disco é uma história e cada música se encaixa, montando um mosaico de nostalgias e sentimentos. As letras cheias de significado, carregam a melancolia de sempre, com fagulhas de esperança pra serem acessas.

Os destaques são as excelentes “Modern Man”, “Rococo”, “Empty Room” e “Sprawl II (Mountains Beyond Mountains)”. Nessas quatro faixas vamos do som barroco de “Rococo” ao extremo pop com “Modern Man”.

O disco ganha pontos porque além de ser sincero e ousado, tem um apelo pop essencial, brincando com os estilos musicais sem perder a classe. E amigo, apelo pop é crucial pra qualquer grande disco ou qualquer grande banda, se não, o que seriam dos Beatles?

A única ressalva, o único porém, é que a história de The Suburbs ficaria muito mais linda se a voz doce de Régine Chessagne aparecesse mais.

Sem mais elogios na ponta dos dedos, repito que esse (por enquanto) é o disco do ano e um dos maiores discos da história. E acredito que esse não é o clímax da carreira dos canadenses do Arcade Fire. Podem anotar, muita coisa melhor ainda virá.

18 COMENTÁRIOS

  1. pessoal confundiu o que a bbc falou.
    Ela naum disse que este seria MELHOR que ok computer, ela disse que este cd eh o ok computer do Arcade Fire. Veja a diferença.
    Não acho que seja, porque o Ok computer do Radiohead mostra uma afirmação de uma banda que antes era qualquer coisa.
    Para mim, Arcade Fire sempre foi o que foi e este cd é a afirmação deles como banda inspiradora pra todo mundo.

  2. É A única coisa que tenho escutado desde sexta-feira, afim de compreender a obra como um todo. Um album com 16 músicas, e que, no meu caso, há 7 ou 8 músicas que tenho que voltar, após acabarem, para escutar novamente. Esse ponto já mostra a relevância desse album, agora comparar com outros albuns dos próprios, e pior do que isso, com albuns de outras bandas, com outra sonoridade e sentimentos envolvidos, creio que seja algo incomensurável, pode até ser bom para a sinapses mas o produto final nao mudará muito a concepçao inicial!

  3. Prefiro pensar que os três albuns estão muitos próximos, e que a atribuição de que esse ou aquele é melhor, dependerá de como cada album nos atingiu, ou seja, da nossa subjetividade. Se alguém na época pré lançamento do “neon bible”, e por consequencia não sabia o que esperar após um trabalho fantástico feito no “Funeral”, tinha dúvidas sobre Arcade Fire, agora, após o “Neon Bible” e o “The Suburbs”, já podemos considera-los como uma dádiva musical, e por que não intelectual, de nosso tempo, de nossa era!

  4. Para saber se The Suburbs é melhor que OK Computer basta ouvir ambos um após o outro. Não, The Suburbs NÃO é melhor que OK Computer (incluindo seus B-Sides). Aliás, quase nenhum album é. The Suburbs não tem uma Paranoid Android, não tem uma Karma Police, não tem uma Airbag e muito menos uma Let Down. E o Arcade Fire não tem um letrista como Thom Yorke (algumas letras de The Suburbs dão até um pouquinho de vergonha…). Não é um disco que vai definir a música da próxima geração MAS…é um ÓTIMO disco por si só, as expectativas é que estavam muito altas. Após a primeira faixa, que é espetacular, o disco segue linear às vezes até demais, principalmente por ser tão longo, com algumas canções seguindo o mesmo tempo (podemos até dizer que seria uma alegoria para remeter à mesmisse de uma vida nos suburbios…), tem alguns momentos muito ruins, como em Rococco e Month of May, e outros brilhantes, como em Sprawl. Se o Arcade Fire continuar fazendo musica assim, está ótimo, vão continuar no panteão de melhores da música independente atual. Mas só vão passar para a história se tiverem culhões para arriscar uma loucura a “la Kid A” e continuarem a evoluir sem apego ao passado e sem olhar para trás… isso só o futuro dirá.

  5. Então gente, comparar álbuns de uma mesma banda ou de bandas diferentes é uma tarefa difícil, porém necessária. Mas essa necessidade só é tida por nós.

    Discos de diferentes épocas e diferentes estilos, como o ‘The Suburbs’ e o ‘Ok Computer’são quase que imcomparáveis. ‘Ok Computer’ marcou época, revolucionou e influenciou toda uma geração de bandas e ‘The Suburbs’ vazou à pouco tempo, não sabemos o que acontecerá com ele.

    Só que dois pontos me fazem crer que ele seja ‘melhor’ que a obra-prima do Radiohead:

    1 – mesmo sendo longo, ele é de uma acessibilidade mais fácil. Com a divulgação certa ele pode chegar a mais pessoas e mesmo assim elas compreenderiam. Ao contrário de ‘Ok Computer’, que até hoje eu não entendo e se você me falar que entende esse disco como um todo, ou você é um grande gênio musical ou não passa de fanboy do Thom Yorke.

    2 – Por mais piegas e clichê que isso soe, ‘The suburbs’ toca diretamente a alma, creio que até um surdo se emocionaria com esse disco tocando por perto.

    Mas, que fique bem claro que esse adjetivo ‘melhor’ é subjetivo. E não é a verdade absoluta.

    Música, nem sempre é pra ser importante no contexto histórico, ou revolucionar uma década, música é a arte do sentimento, é pra tocar o coração e o Arcade Fire sempre fez isso.

  6. Não precisa ser ‘genio’ nenhum para entender OK Computer… me desculpe, mas é a obra mais “fácil” do Radiohead (só perde para Pablo Honey). The Bends é muito mais complexo.

    Por favor, coloque para tocar os dois albums e ouça The Suburbs… depois ouça Airbag. Aí vc toca Ready to Start e depois Paranoid Android. Pense nas letras… tá, aí é melhor parar de comparar por que a coisa fica até cruel. OKC tem 13 anos e se vc ouve “hoje”, fala de temas de hoje. Não fala apenas como é legal ou miserável a vida em um suburbio classe media tudo de bom (beeeeem diferente do que seria a vida em um suburbio bvrasileiro…rs) e o tal coming of age não. Fala de sentimentos modernos, coisas até hoje dificeis de expressar e que o Radiohead fez lindamente a mais de uma década.

    Pode parecer que eu não gosto do Arcade Fire, não é o caso. Gosto muito. Somente não vejo nada de “genial”. Eles são muito bons, mas memoráveis… não são não. O disco do The National é tão bom quanto o deles.

  7. Esse negócio de comparar discos é uma m… gera uma expectativa falsa na gente.

    Quer dizer, eu não gosto de Radiohead, então acho que pra mim o disco realmente acaba sendo melhor que o OK Computer…heh

    Mas nada a ver uma coisa com a outra. BBC pisou na bola.

  8. Ok, ok. A pergunta que fica: cadê a resenha em? Vi só babação de ovo. Dar 9,95 pra um disco – chato, monótono – que nem se fala direito sobre as próprias músicas é exagero de fã mesmo.

  9. Eu, sinceramente, achei o disco fraco. Ouvi-o duas vezes e arrisquei a terceira: sem sucesso de chegar ao fim. Não fazendo comparações com outras bandas, o disco é fraco dentro da magnífica discografia do Arcade Fire; as orquestrações que tanto são famosas e guiadas pelo Owen Pallett acabaram sumindo, perdendo o foco; e as canções são repetitivas e medianas demais, quando não retilíneas e sem os detalhes em relação a arranjos que a banda sempre foi capaz de fazer.

    A faixa “The Suburbs” e “Rococo” são boas músicas, mas que provavelmente seriam b-sides dos discos anteriores.

  10. Gostei do review.
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    Independente de como interpretar o que a BBC escreveu, toda essa coisa me aborrece em um sentido: os spoilers.
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    Cara, dificil você pegar um album que se tenha mta espectativa em ouvir, sem que um trilhão de sites [e os que os copiam] já não tenham soltado suas médias infames, antes mesmo do lançamento oficial [calma, não estou falando do RockPress]. Qndo você pega a bulacha pra ouvir, fica com aqueles 8.0,7.8,5.0 na cabeça e não aproveita a experiência. Hoje música é basicamente isso. Uma enxurrada de notas, raking, avaliação que injustiçam ou supervalorizam os trabalhos [isso no cinema, música e por ai vai]
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    Tenho uma sugestão pra vocês do RockPress fazerem a diferença: criar um sistema de avaliação que só é visto se o usuário desejar, que oculte as notas num primeiro momento.

  11. Mas a avaliação vai do gosto pessoal de cada um dos membros da equipe do RinP. Nunca foi com intenção de criar um parametro definitivo de qualidade. Eu adorei o THE RESISTANCE e o Xi detestou, por exemplo. As nossas “notas” são ilustrativas apenas, aceita quem acompanha o site e já sabe mais ou menos o gosto do Dayson, do Xi, o meu, do Jairo e o restante da turma.

    Quanto ao texto do D, gostei bastante da forma que o album foi criticado. Discordo de quem falou que só viu babação de ovo (ela esta presente mas não atrapalha em nada o desenvolvimento da opininão nada imparcial do D). É muito importante prestar atenção nas formas como a música nova de uma banda é divulgada pelos veículos. Hoje em dia, quase que na mesma proporção do que acontece no cinema, os discos estão carregados de expectativa e todo mundo espera pelo próximo OK COMPUTER, NEVERMIND ou HIGHWAY 61 REVISITED.

    O Arcade Fire é uma banda genial e que fez um trabalho incrível, que apenas por THE SUBURBS, MONTH OF MAY, READY TO START e WE USED TO WAIT, já rendeu o título de melhor trabalho de 2010 até o momento. O restante do album ainda não foi completamente digerido, mas estou mais inclinado a concordar com o D do que com o tom cáustico e decepcionado do texto do Xi.

    E eu queria ter feito a minha crítica também. Porra. HAHAHAHA

  12. Já que estamos falando de opinião pessoal, “The Suburbs” é (na minha opinião pessoal) o pior disco do Arcade Fire.

    E já que é pra comparar com o trabalho do Radiohead, talvez o “The Suburbs” supere o “Pablo Roney”…só talvez.

    Apesar disso (e de ser exaustivamente longo), “The Suburbs” não é um disco ruim. Entraria no meu top 50 de discos do ano, mas não no meu top 10. Tem muitos discos melhores que ele lançados recentemente, como os novos do The National, do Wolf Parade, do Midlake e do próprio Owen Pallett.

    No mais, Dayson, respeito sua opinião e te parabenizo pela resenha. Você foi lá e defendeu sua opinião com os argumentos que tinha ao seu dispor. Isso aê! o/

    Abraço

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