Home Resenhas Álbuns Resenha: O Ritual das Mentiras Brancas

Resenha: O Ritual das Mentiras Brancas

1
Compartilhar

Álbum: Ritual

Artista: White Lies

Lançamento: 18/01/2011

Gravadora:

Myspace: /whitelies

Rockometro: 8

Em 2009, quando o RinP começava a engatinhar nas críticas de discos e da cena musical em geral, uma certa banda começou a ser muito comentada. Com um single arrasador, muitos acreditavam que aquela seria a próxima promessa indie. Era o começo do hype em torno de uma banda que acabou não mostrando nada melhor (ou impactante) que “Death” e “To Lose My Life” (com o inesquecível refrão “Let`s grow old together and die at the same time“). Em uma crítica generosa, o editor-chefe Marcos Xi comentou exatamente as qualidades e os defeitos do debut do White Lies e parece que o aguardado Ritual acaba sendo mais que apenas uma repetição melhorada daquilo que ouvimos em To Lose My Life.

O power-trio eletro-indie-rock britânico sentiu bastante a influência do produtor Alan Moulder. Conhecido por trabalhar com o Depeche Mode, Jesus and Mary Chain e o Nine Inch Nails, Moulder conseguiu selecionar bem os lampejos de originalidade da banda com as diversas referências oitentistas, que funcionam como o cartão de visitas do White Lies. Independente dessas referências soarem excessivas (a faixa “Streetlights” é um plágio, um cover ou apenas uma homenagem?), Moulder conseguiu driblar a falta de singles potentes com um trabalho coeso e que ganha força como um todo. Enquanto To Lose My Life era baseado quase que exclusivamente em “Death” e “To Lose My Life”, Ritual consegue ser mais interessante e com uma chance da banda explorar mais as suas próprias possibilidades, ao invés de apenas buscar o resgate do clima soturno das bandas “darks” dos anos 80.

Apesar de todas as faixas possuírem uma pegada familiar (e soarem iguais), o disco consegue inovar ao tentar calibrar a identidade sonora do White Lies. Não a identidade que estamos acostumados, com a voz depressiva de Harry McVeigh evocando Ian Curtis, mas a essência da banda, o elemento original. A abertura do disco com a excelente “Is Love” é uma amostra do que seria esse som. Temos a impressão de que estamos ouvindo um Simple Minds com a qualidade que o original nunca teve sobrando. As letras (principalmente nos refrões) continuam inspiradas: “She says the only thing i`ve ever found that`s greater than it always sound. Is love”. Na sequência “Strangers” começa com uma introdução que lembra o The Cure e que depois se afasta para o característico baixo distorcido guiando a voz grave de McVeigh. Novamente a letra faz a grande diferença na música, o que não chega a ser um diferencial quando se trata de uma banda que tem o Ian Curtis como uma das principais influências.

O primeiro single do disco deixou o público curioso para conferir o restante do material, mas embora seja uma boa música, “Bigger Than Us” não é o melhor momento de Ritual. O título fica dividido entre “Is Love”, a contagiante “Holy Ghost” (com uma virada na estrofe que foge um pouco dos anos 80 e cai direto no colo do Nine Inch Nails) e “Bad Love” (que também conta com uma bateria parecida com o rock pesado do NIN). O restante do material oferece momentos mais introspectivos (com direito a muitas canções com mais de cinco minutos, o que pode ser um martírio dependendo do seu momento) como na bela “Peace & Quiet”, que tem um baixo sintetizado que foge um pouco da pegada tradicional do baixista Charles Cave.

Se o White Lies consegue provar que não é apenas uma banda tributo ao Joy Division, também deixa a expectativa ligada para o futuro da banda. Apesar de não ser um disco genial e só ser digerido depois de uma terceira audição, Ritual já se inclui no hall dos grandes lançamentos de 2011 e ilumina nossas possibilidades para o trio comandado por Harry McVeigh. Se você não conhecer a banda e tiver uma certa preguiça inicial, não se preocupe. Não é um trabalho fácil de assimilar ou daqueles que você vai gostar logo de cara. Talvez seja válido dar uma nova chance para o som e se surpreender com o som do passado encontrando o futuro. E mesmo sem ter a sensacional dobradinha “To Lose My Life” e “Death”, Ritual é muito melhor que a estréia do White Lies dois anos atrás.

ps: Sim, eu sei que falei demais das duas primeiras músicas de trabalho da banda. Mas elas são muito boas, ora bolas!

1 COMENTÁRIO

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here