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Resenha: Mombojó @ Circo Voador 13/02/2009

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Em meio a uma noite frágil, com um céu sem estrelas e gotas caindo do céu, esta última sexta-feira (13/02) teve uma luz nova. Para a divulgação do álbum Sintonizando Recife, o Circo Voador abrigou as bandas Maquinado e os meus queridos Mombojó em sua lona. A lotação da casa estava com dois terços de ocupação. No telão, antes da abertura do Maquinado, rolava o filme “Laranja Mecânica”, um clássico. E na vendinha do lado de fora, tinha camisas do Maquinado, cd e dvd do Sintonizando Recife, um álbum de Dub vendido a 5 reais – e o nome Nação Zumbi em cima da barraquinha vermelha.

O palco estava organizado de tal forma que Felipe, o vocalista da banda, ficava centralizado; Chiquinho (teclados) e Marcelo Machado (guitarra) se posicionando na parte esquerda do público; Samuel (Baixo) e Vicente (bateria) ficavam na direita. Sim, agora o Mombojó é um quinteto, já tem até um tempinho isso. Desde o show do Maquinado, notava-se que o pessoal estava ali para ver o Mombojó; eu e meu fiel escudeiro Willian, o mesmo que foi no show da Mallu Magalhães comigo, estavamos ali também pelo Mombojó.

A euforia foi grande quando os músicos entraram. A banda começou a tocar sem a presença de Felipe, que entrou depois, provocando gritos histéricos na platéia. A música escolhida para abrir o show foi a inédita “Antimonitonia”, que na verdade não empolgou, pois os ouvintes não sabiam letra e a música é apenas animada. Mas parece que o show começou somente aos primeiros segundos de “Homem-Espuma”. Daí para frente foi um desfile de belas canções misturadas a “saborosas sensações” da energia que passava do palco para o público.

É fato consumado a importância do Mombojó na cena independente brasileira, fato visível na forma fiel que o público acompanha as músicas e cada momento do show. Não era difícil você olhar para o lado e ver alguém cantando uma inédita ou recém saída música, como a maravilhosa “Triste Demais”; aquela que dará o nome ao terceiro álbum da banda, “Amigo do tempo”; e “Justamente”, todas apresentadas no show e que provavelmente estarão no próximo álbum da banda, além de outras inéditas apresentadas no show. Aliás, a versão de “Amigo do Tempo” que nos foi mostrada na apresentação é mais eletrônica e muito melhor que a do Sintonizando Recife, virará um hit certo e com uma boa lembrança de Balão Mágico…

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=PugkFWzMZw0]Mombojó – Amigo do Tempo (Ao vivo no Circo Voador)

É impossível não citar a diferença que o show tem atualmente, sem os metais. Ganhou-se um lado mais pesado, mais rock e uma pitada de música eletrônica, além do som gostoso que esse recifenses já nos ofereciam. Claro, sem esquecer, Felipe falou “Salve Rafa”, instrumentista da banda que veio a falecer em 2007. O set-list do show veio muito incrementado. Nada menos que 23 canções. A organização do set e a forma de execução mostram a banda como se já estivessem no cenário há vinte anos, e não apenas com estes 2 álbuns lançados (Nada de Novo de 2002 e Homem-Espuma de 2006). O que surpreende bastante é esta maturidade alcançada.

A presença de palco de Felipe é impressionante. Tirar uma foto dele é caso de muita insistência. Ele anda de um lado ao outro, se mexe muito, senta na beira do palco, fica em pé na caixa de som, sobe sei-lá-onde atrás da bateria do Vicente, toca guitarra e faz o público ficar extasiado. Afinal, eles já são profissionais nesse ramo. O público por sua vez responde cantando todas as músicas, e até abrindo uma grande roda de pogo! Sim, uma roda de bate-cabeça. Parece que o efeito Mombojó causa as mais estranhas reações. Felipe não tem medo de apontar e reconhecer diversos rostos amigos, de conversar muito com o público. Samuel, o baixista, também. E até cara de rock pesado Marcelo, guitarrista, soube fazer.

Momentos muito esperados pelo público foram as músicas “O mais vendido”, “Saborosa” (essa cantada em coro quase ao estilo Móveis Coloniais de Acajú), “Merda”, “Faaca”, “Realismo Convincente”, “A Missa” e a catártica e extendida versão de “Deixe-se Acreditar”, que encerrou a apresentação dos pernambucanos já lá pelas 3:30 da manhã, na mesma noite frágil, com o mesmo céu sem estrelas e as chatas gotas que caiam do céu.

É um show magnífico. Se me permitem dizer, muito melhor do que o que eu assisti uma semana antes, o do Little Joy. Eu, você e quem estiver em um show deles irá cantar, dançar, se suar, fazer novos amigos e se abraçar, cantar, se emocionar, cantar, dançar e reviver sempre esse show em suas mentes. Quem sabe, você pode dar a sorte de um jovem que subiu ao palco e abraçou o vocalista, fazendo cara de choro enquanto que “Nem parece” dava um tom mais triste a noite. Você pode ser aqueles jovens que estavam na roda, indo um para cada lado e se debatendo, mas veja, todos estavam com um largo sorriso no rosto. Você pode ser um daqueles que ficaram lá em cima, só assistindo e se deliciando com as danças de Felipe. Você pode ser o que quiser na hora que quiser, você pode ser até feliz, só precisa ir a um show do Mombojó. E como já dizia o refrão de “Deixe-se Acreditar”, o Circo Voador virou “O Reino da Alegria!”

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Você pode ver as fotos da apresentação do Mombojó no Circo Voador aqui.

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Músico multi-instrumentista, DJ, viajante, criador e editor-chefe do site RockinPress, colunista e curador convidado do Showlivre, ex-colunista do portal de vendas online Submarino e faz/fez matérias especiais para vários grandes meios culturais brasileiros, incluindo NME, SWU, Noize, Scream & Yell, youPIX e os maiores blogs musicais do país. É especializado em profissionalização de artistas independentes e divulgação de material através da agência Cultiva, sendo inclusive debatedor em mesas técnicas sobre o assunto na Universidade Federal Fluminense (RJ) e no Festival Transborda (MG).

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