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Resenha: Luisa Mandou Um Beijo – S/T

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folderÁlbum: Luisa Mandou Um Beijo

Artista: Luisa Mandou Um Beijo

Selo: Midsummer Madness

Lançamento: Verão de 2009

Myspace: www.myspace.com/luisamandouumbeijo

Rockometro: 8,2

Cá entre nós, é muito complicado falar de uma banda da qual não gosta, e sim, eu não gosto de Luisa Mandou um Beijo. Mas então, por que estou falando deles mesmo? É que simplesmente não dá para não ouvir o novo álbum da banda, que saiu este ano e é auto-intitulado.

O que me atrai e me mantém preso a uma audição da bolacha deles é o fato de, com uma canção simples, fizeram uma grande música, com um arranjo impressionantemente simples e gostoso. Ah, eu não vou falar do vocal da Flávia Muniz não. Sei lá, ela não tem uma potente voz, canta quase declamando as músicas e ainda arrasta uma multidão de fãs. As letras são, basicamente, histórias que podem acontecer com qualquer um, mas contadas de uma maneira não poética, não simples, uma maneira única e inteligente; às vezes parece que nem se encaixam na melodia, que não fazem sentido, mas é impressionante como encaixam bem.

Essa bolacha tem de tudo: vocais animados em “Borboleta Imperial”; levada quase praiana, ditada pelo ritmo das guitarras de Fernando Paiva e PP, em “Memória de Praia”, que conta história de um dia na praia. “Mar Sem Sal” conta um primeiro beijo de um casal – o que a menina pensava antes de acontecer – como diz nos belos versos ‘Teus beijos são mais bonitos que o rio que corre em minha veia/…/Naquela noite, você quis me beijar, e eu disse SIM!’. A seguinte, “Peixe Pequeno”, trás mais um pouco de tema praiano e exemplifica bem a forma diferente de Flávia cantar as músicas com suas letras que quase não se encaixam, quase. “Mar Bravio” e “Na Capital” são bem características do disco: músicas rápidas e diretas, valendo-se ainda que “Na Capital” foi escrita em nome do Rio De Janeiro, terra natal da banda.

Começa em marchinha de samba e segue na leveza do som de “A Odalisca e o Pirata”, com o ótimo refrão que diz ‘Eu me visto de você’, e depois ‘Eu te tranco no porão’, fazendo alusão ao carnaval. Uma das melhores é “Cosquinhas de Manhã”, que fala de uma jovem que sente saudades do amor que fazia mal a ela e o amor que lhe fazia bem, mas agora ela repudia, numa letra que mexe com suas próprias palavras de uma maneira tanto inteligente quanto simples. Lídia, Sueli e o Sr. Smith também são comentados no álbum. Quem são? Uma mulher que reclama de seu marido, mas não tem coragem de encará-lo, isso no rock garangeiro do álbum chamado “Lídia Traida”; Sueli é uma mulher com uma estranha obsessão, contada na bossa nova moderna de “A Obsessão de Sueli” e “Boa Tarde, Sr. Smith” que começa em inglês, passa para o português e vai pro alemão sem fazer pouco caso da língua pátria e das outras. Você ainda encontra “Without You” cantada em inglês, em mais um show do trompete de Shockbrou, que aliás, é dado durante a bolacha inteira. Em “Os pensamentos Solares do Seo Abilio” e as interessantíssimas “O Maracá” e “Introdução do Homem Azul”, encerram o álbum de maneira triunfal.

Eu não sei se ainda não gosto de Luisa, mas Luisa gosta de mim e de todos nós. Gosta de praia, gosta de beijos e novas línguas, de amores e desamores. Luisa canta a vida numa vitalidade jovem inigualável, uma verdadeira trilha sonora da minha ou da sua história. É sem dúvida um grande disco e uma grande vitória da cena rocker carioca.

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Antes que eu me esqueça, esse e o primeiro álbum da banda se encontram disponíveis para download gratuito no site oficial dos cariocas, que é o luisamandouumbeijo.com

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Músico multi-instrumentista, DJ, viajante, criador e editor-chefe do site RockinPress, colunista e curador convidado do Showlivre, ex-colunista do portal de vendas online Submarino e faz/fez matérias especiais para vários grandes meios culturais brasileiros, incluindo NME, SWU, Noize, Scream & Yell, youPIX e os maiores blogs musicais do país. É especializado em profissionalização de artistas independentes e divulgação de material através da agência Cultiva, sendo inclusive debatedor em mesas técnicas sobre o assunto na Universidade Federal Fluminense (RJ) e no Festival Transborda (MG).

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