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Resenha: Lab e Duques @ Cine Lapa 06/06/09

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Se você tem, numa noite de sábado, a nobre escolha entre um show gratuito do Marcelo Camelo, o show de lançamento do novo do Móveis Coloniais de Acajú no Circo Voador, e assistir duas bandas indies querendo mostrar seu trabalho, qual você iria? Vou ser sincero, quando eu entrei naquele Cine Lapa relativamente vazio para o horário (23h30min), achei que estava jogando minha noite para o alto, mas não demorou muito para eu ter certeza da minha escolha.

Lab

Diretamente de São Paulo, a banda Lab veio mostrar aos cariocas o seu primeiro álbum, chamado apenas de Mmm…, e que já foi devidamente resenhado aqui. À 1 da manhã, Gianni Dias (baixo), Ricardo Cilas (bateria e programações), Flavio Juliano (composições, voz e guitarra) e meu querido amigo e guitarrista Filipe Consoline (das bandas mono.tune e Venus Volt), entram naquele minúsculo palco sob os olhares desconfiados da plateia, que tinha nada menos que membros da banda Manacá, do próprio mono.tune e da outra banda da noite, os Duques. Ah sim, a cantora Tiê, também estava na lista, mas passou mal e não pôde comparecer.

Lab no programa Intervibe
Lab no programa Intervibe

Para quem esperava um som mais sujo do que no álbum da banda, se assustou com a qualidade que a música foi executada ao vivo, respeitando perfeitamente a fórmula gravada no álbum. Abriram o set com a mesma ordem das músicas no álbum: a ótima “Agora Vai”, a super dançante “Girl, Let’s Go Girl” e a viciante “Bêbado de novo”, causando histeria nos fãs da banda que estava na frente do palco, e ainda valendo uma dedicatória da música “Film Film Film” a eles. Sorte da jovem que estava com esse grupo: a música “Sex Machine” foi dedicada especialmente a ela pelo guitarrista Filipe Consoline.

Apesar do show curto – somente meia hora – a banda desenvolveu bem o álbum, só deixando de fora a canção “How Sweet”, que já era esperada não constar no set por ter violinos e batida eletrônica. O grande presente ao público foi um cover perfeito de “The National Anthen” do Radiohead, que mesmo sendo uma música bastante diferente do som apresentado pela banda, causou aplausos fortes do público, que não arredou o pé do show e o assistiu até o final. As músicas foram tocadas praticamente de maneira idêntica a apresentada no álbum, e esse curto espaço para o improviso poderia ter sido um ‘a mais’ na apresentação da banda e seu belíssimo instrumental. Sem esquecer que o som estava ótimo e a perfeita presença de palco “rock n’ roll” da banda.

Duques

Por volta das 2 da manhã, a banda Duques ocupou seu espaço no palco e mostrou seu rock esperto baseado nos anos 50. A apresentação começa a todo o gás com o público acompanhando junto da banda o seu show. A fórmula dançante que a banda apresenta, em junção com os acordes bastante complicados e o contra baixo elétrico sem trastes que a banda usa, dá um tom diferente e um ‘a mais’ no som do quarteto, trazendo o início do rock dos anos 50 de volta, só que mais elétrico, divertido e elegante.

Os Duques no Circo Voador (por Rodrigo Facchinett)
Os Duques no Circo Voador (por Rodrigo Facchinett)

O problema é que a própria banda foi se estragando em cima do palco. Algumas brincadeiras e improvisos que atrasam o show, e fizeram com que a apresentação dos Duques parecesse durar só 15 ou 20 minutos. Fora que, quando o contra-baixista Rômulo Collopy resolveu, mesmo que sem necessidade, aumentar o volume de seu instrumento ao máximo, a apresentação da banda ficou abafada e parecendo mais um conjunto de barulhos e brincadeiras, fazendo caixas de som estalar e distorcerem a música, e o aparecimento daquele famoso zumbido quando um amplificador está queimado.

Mas de qualquer forma, a presença de palco da banda é genial e a interação com o público sublime. Em “Anti-Love Song”, que abriu o show, parecia que a banda já era muito bem conhecida. Mas a partir de “Maestro”, uma música um tanto repetitiva, o público começou a dispersar e os problemas citados apareceram. Terminaram a apresentação com duas músicas excelentes e a certeza que daqui a algum tempo e um pouco mais de experiência, a banda vai figurar entre as melhores do indie carioca.

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O melhor de tudo é o fato do indie carioca estar ainda respirando. Valorizar esses momentos hoje em dia é essencial. Tenho certeza que nem o Móveis Coloniais e nem o Marcelo Camelo vão me trazer esse frescor de novo e esperança que recebi nessa noite indie rock do Rio de Janeiro.

Myspace do LabMyspace do Duques

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Músico multi-instrumentista, DJ, viajante, criador e editor-chefe do site RockinPress, colunista e curador convidado do Showlivre, ex-colunista do portal de vendas online Submarino e faz/fez matérias especiais para vários grandes meios culturais brasileiros, incluindo NME, SWU, Noize, Scream & Yell, youPIX e os maiores blogs musicais do país. É especializado em profissionalização de artistas independentes e divulgação de material através da agência Cultiva, sendo inclusive debatedor em mesas técnicas sobre o assunto na Universidade Federal Fluminense (RJ) e no Festival Transborda (MG).

1 COMENTÁRIO

  1. Olá,

    Apenas para esclarecer, eu aumentei o volume do contra baixo porque tinhas 5 pessoas ao lado do palco gritando “aumenta o contrabaixo”, mesmo depois de eu colocar o máximo na caixa e no pedal.
    Ao fim da música, fui ao microfone e perguntei se o baixo estava muito alto, pois, apesar de estar desconfortável com o alto volume no palco, todos sabem que o som no palco é um e no PA é outro. A resposta que tive foi que o volume estava bom. Estranhei, mas é o público quem manda, certo?

    Obrigado por resenhar-nos. E espero que a cena traga outras boas surpresas.

    Abraço.

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