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Novo single, novo EP e um olhar consciente ao passado: Felipe S., do Mombojó, em entrevista

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Já era quase 11 da noite quando Felipe S. veio me procurar no chat de uma rede social. Recém assinada com a Som Livre, o Mombojó, banda que é principal compositor e vocalista, tem assessoria de imprensa, mas usa o velho Do It Yourself para fazer a divulgação de seu novo single, a faixa “Pro Sol”, disponibilizada gratuitamente na plataforma Queremos!  – sucesso no Brasil em crowdfunding focado em shows internacionais, mas que agora abriu seu leque para qualquer banda ou empreendedor que queira por um artista para fazer show em todo o país, caso do Mombojó, que almeja uma turnê de divulgação das próximas 4 ou 5 músicas que lançarão no EP ainda sem nome esperado para fevereiro de 2014.

O garoto que há 12 anos fundou com seus amigos a tal banda parece ter interpretado muito bem os versos “preciso ir além dos dias / preciso ir além / me esforçar um pouco mais” da faixa “Justamente”, composição própria presente no terceiro álbum da banda. Entre trocas de integrantes, projetos paralelos, falecimentos, brigas e reconstrução da banda, Felipe soa tranquilo quanto as suas atitudes, o futuro do quarteto e sobre o que precisa para continuar vivendo de música num país onde secretarias de cultura e turismos são fundidas, como ocorreu em sua cidade natal. A conversa informal acabou sendo uma resposta a dúvidas de fãs e abertura do coração de Felipe para alguns assuntos intocados na banda e na mídia, ajudando ainda a entender um pouco do caminho escolhido por estes jovens.

Para fazer download da single, clique aqui, peça o show para a sua cidade, cadastrar seu e-mail e confirmar a cidade.

O registro é curto, mas a história é longa. Particularmente, gostaria de ter perguntado sobre Los Hermanos e o legado, diretrizes de uma banda média que já percorreu todos os caminhos e como se manter interessado, download pago feito por uma banda pioneira na distribuição gratuita digital, diferenças de viver no sudeste e seus problemas de custo e mais uma renca de assuntos variados, mas entrego a pauta para amigos jornalistas. O que eu quero ver agora é o futuro do Mombojó.

458470_516853758332885_407731374_ofoto por José de Holanda

Uma época a Nação Zumbi parou de fazer shows e o Mombojó começou a andar mais devagar. Foi ao mesmo tempo que os integrantes de ambas as bandas começaram a se dividir em outros projetos. Você acha que é a renovação da safra recifense ou coincidências?
Acho que foi coincidência. A gente erra mais do que acerta, mas nunca deixamos de tentar. A banda sempre esteve na ativa mesmo quando Rafa (Rafael Torres) morreu (em 2007). Não pensamos em desistir, mas acertar num trabalho que faça a banda crescer mais do que o normal é difícil. Acho que foi culpa nossa mesmo não estar fazendo tanta coisa, mas por outro lado, quando eu estou fazendo algo pelo Trio Eterno eu esqueço um pouco do Mombojó e vice-versa, mas acho saudável porque da uma saudade boa de tocar.

Você sente muita diferença do Mombojó lá do início, do primeiro disco, para esse?
Muita. A curadoria mudou totalmente. Éramos sete adolescentes. Tem umas coisas legais que nunca mais vão ser do mesmo jeito e não falo isso lamentando. Ainda bem que foi massa nessa idade, agora é pensar no futuro mesmo, pensar pra frente.

Tem algo lá de trás que você gostaria que voltasse?
Eu fico tentando convencer a banda a tocar samba de novo, mas ainda sem sucesso. Desde o primeiro disco que parou geral, até parece que foi um trauma! Eu digo isso mas nem no Trio Eterno eu gravei sambas. De vez em quando eu tento emplacar um samba no Mombojó, mas a galera esta em outra.

Acho que muitos fãs gostariam de ver essa volta do samba. Apesar de eu gostar mais do Amigo do Tempo (2010), a grande maioria é fã do primeiro disco (Nadadenovo, de 2004). É tido por muitos, inclusive, como o mais importante álbum de Pernambuco da última década.
Nossa parada com o samba vinha muito do Rafa. Ele fazia coisas que todos se convenciam de fazer samba porque a parte dele era muito boa. Era mais pro choro do que samba. Samba mesmo nunca gravamos, fora o lalaia d’”A Missa”.

562854_10150631876043657_1617681018_nMombojó ainda com Rafael Torres e Marcelo Campello (foto por Lucas Bori)

Você sente que o Rafa faz falta na banda?
Muita. Marcelo Campello mesmo ficou estranho no ninho depois que o Rafa morreu, porque os dois faziam os arranjos todos em conjunto. Sentavam um do lado do outro, feito naipe de metal. Depois que o Rafa morreu o bicho não queria mais tocar nem trompete, nem cavaquinho, nem violão e nem escaleta. Só queria tocar guitarra. Aí perdeu a base. Foi ali que eu vi que tínhamos que procurar se readaptar.

Ele que saiu ou foram vocês que o tiraram?
Eu e ele nos desentendemos e eu disse que eu não tinha mais clima para conviver com ele. Que se ele quisesse muito ficar na banda eu iria sair e fazer outra. Daí ele saiu por livre e espontânea pressão. Eu e ele nunca mais nos falamos, mas o resto da banda fala com ele de boa. Acho ele super talentoso, mas prefiro não conviver pelo lado pessoal mesmo. Hoje em dia eu falo isso de boa, mas na época foi foda, pois éramos muito amigos. Foi tenso mesmo.

A banda basicamente mudou toda. Porque ainda teve o baque do Rafa e o desentendimento do Marcelo, aí juntou tudo, o som, o ter que dar um passo a frente.
De novo mesmo, só o baixista na prática. Mas os meninos mudaram muito também (eu me incluo) nos gostos. A dinâmica era outra. Por exemplo, uma coisa que sempre rolou sou eu chegar com uma música voz e violão. Antes tínhamos seis cabeças bem diferentes. Agora são basicamente três. Agora, se sair alguém vamos ter que começar outra banda. Já estamos no extremo! (risos)

A formação fixou em quarteto de vez e oficial?
Samuel não saiu oficialmente porque é quase que da família, mas ele esta há mais de um ano sem fazer show só se dedicando a carreira de ator. Atualmente quem toca baixo com a gente é Missionário José.

1270804_10151724758757695_980457447_oTrio Eterno (foto por Pedro Escobar)

O Trio Eterno vai ficar guardado?
Trio Eterno fez shows em outubro, três em São Paulo: Riviera, Serralheria e Puxadinho da Praça. Sem Édipo, com um substituto, mas ele continua na banda. Édipo está morando em Madrid. A meta é gravar outro disco. Ainda não tem data e nem começamos a gravar, mas não vai demorar tanto quanto o primeiro, que demorou três anos. (risos)

E o Coisinha e o Del Rey?
O Coisinha não sei dizer. Minha participação é só no show mesmo. Não sei muito como estão os planos, mas China está querendo fazer um DVD. Pelo menos se for um CD vai ser ao vivo.
O Del Rey tem um desejo antigo de fazer um DVD também, mas acho que nem vai rolar, pelo menos por enquanto. A parada é mais fazer show mesmo.

Esqueci algum projeto? Você tem tantos projetos que até assusta.
(risos) Gostar de tocar e viver numa cidade cara pra caralho… Os que estão em atividades são esses. Se bem que dia tem Joinha Lab, que é não é uma banda, é uma junção de amigos para tocar coisas inéditas. Vamos tocar dia 1 de dezembro no Grazie a Dio (eu, China, Lulina, Chiquinho e Missionário José), mas cada show é uma formação diferente. Teve um a um tempo no Riviera.

Não existe um Felipe S. solo? Você está acostumado a dividir ideias com amigos ou é questão de grana?
Hoje em dia não tenho vontade não. Nunca tive, na verdade, mas nunca digo nunca terei. É falta de vontade mesmo. Acho mais legal ter banda.

Ter tantos projetos novos é relacionado em criar novidades para gerar shows e renda?
Os projetos novos, pelo menos os menores, acabam ficando mais restritos a São Paulo, Rio e Recife, que é onde temos muitos amigos que ajudam a viabilizar as coisas.

277651_454912537865087_1406562772_oMombojó com a atual formação

Seu projeto principal ainda é o Mombojó, imagino.
Sim. Estou trabalhando pra caralho nessa campanha do Queremos. Até o começo do ano vamos tentar viabilizar de fazer esses shows. Eu quero tentar chegar no mínimo em 3 mil pedidos, mas não tem muito uma meta estipulado porque cada cidade vai ter um valor. O dinheiro que precisamos arrecadar em cada cidade será o dinheiro para ir e voltar, dependendo do lugar alugar som e palco, mas em todos os shows abriremos bilheteria no local também. A idéia é fazer shows em lugares menores. Em algumas cidades até para 400 pessoas, num esquema tentar fazer a marca rodar e conseguir algo que nunca tivemos que é poder se planejar. Essa primeira etapa é tipo um senso dos nossos atuais fãs. Dá pra ver quem são os super fãs (os que compartilham para outras pessoas) e em cima disso vamos tentar planejar o ano que vem, fim de semana por fim de semana,  tentar fazer 3 cidades por semana, num esquema ir pra guerra.

Por isso que escolheram o Queremos?
Sim. Eles têm uma estrutura muito boa! Dá pra fazer mesmo sem ter muitos pedidos. Já muda muito o panorama de ter uma planejamento, chegar para a equipe e apresentar uma agenda com antecedência, que é o esquema dos artistas grande, só que sem ser grande.

O Mombojó fez crowdfunding para show em recife, agora está se movimentando em outra plataforma para turnê nova. É a nova tendência da banda?
O esquema do queremos eu acho melhor do que a gente fez em Recife, mas vejo como uma boa saída para as bandas que já tem um pequeno público. Show bom faz a banda multiplicar novos shows na agenda. Tem que se dedicar para cativar público.

Essa seria a grande dica que você daria para quem tá começando?
Rapaz, cada caso é um caso. Pra quem esta começando o que diria é para tentar se aprofundar no que você quer para sua banda e ter foco para tentar realizar os desejos. Se basear em metas. Saber onde colocar a banda é o mais difícil. Se o cara sabe onde achar as pessoas que vão curtir já ajuda muito.

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Músico multi-instrumentista, DJ, viajante, criador e editor-chefe do site RockinPress, colunista e curador convidado do Showlivre, ex-colunista do portal de vendas online Submarino e faz/fez matérias especiais para vários grandes meios culturais brasileiros, incluindo NME, SWU, Noize, Scream & Yell, youPIX e os maiores blogs musicais do país. É especializado em profissionalização de artistas independentes e divulgação de material através da agência Cultiva, sendo inclusive debatedor em mesas técnicas sobre o assunto na Universidade Federal Fluminense (RJ) e no Festival Transborda (MG).

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