Home Resenhas Móveis Coloniais de Acaju e Sobrado 112 @ Circo Voador, RJ 06/08/2010

Móveis Coloniais de Acaju e Sobrado 112 @ Circo Voador, RJ 06/08/2010

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Texto: Marcos Xi
Fotos: Juliana Ribeiro
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Noite carioca de final de semana é um momento sagrado de libertação dos quadris e troca de sentimentos na Lapa, e no Circo Voador. Pelo menos é o que a molecada antenada na boa música procura fazer. As atrações da casa nesta noite foram o Sobrado 112 (que são meio paulistas e meio cariocas) e o Móveis Coloniais de Acaju, que trouxe a participação especial de Mallu Magalhães para seu show.

Intenso, surpreendente e altamente dançante. O Sobrado 112 misturou pedais de distorção e efeitos ao trompete de Leandro Joaquim, e encantou com a mistura reggae/ska/samba/rock que faz – na qual eles chamam de Skapolca. Algumas canções instrumentais, outras com vocal dividido entre Leandro e Vitinho, o Sobrado aqueceu a o público e os fez tirar o pé do chão sem medo do cansaço. Os sorrisos que os músicos trocavam entre si e a animação de suas canções são a marca em suas apresentações. Satisfação de pensar na cena que se tem no Rio de Janeiro, com bandas como o Sobrado 112, Brasov, Canastra e a Go East Orkestar.

Oficialmente encerrada a turnê promocional de Co_mpl_te, essa re-volta do Móveis Coloniais de Acaju ao Circo Voador trouxe um vigor diferenciado aos apreciadores da feijoada búlgara que eles à 12 anos propõem. Com um set-list mais focado aos fãs, deram-se ao luxo de não executarem dois singles seus: “Cheia de Manha” e “Seria o Rolex” – o que não surpreendeu os presentes, já que ganharam com raridades pouco tocadas no último ano, como “Menina Moça” e “Perca Peso”, e mais algumas músicas de Idem, o primeiro álbum dos brasilienses.

De fato, o show tinha um frescor diferente. Além do repertório, a iluminação e as roupas dos músicos não eram tão claras – por se dizer, bem mais escuras – do que as últimas vezes no Circo; André Gonzalez (vocalista) e Xande Bursztyn (trombone) estavam endiabrados no relativamente grande palco do Circo Voador, sendo que Xande pulou no público ainda no início da apresentação e André executou alguns movimentos realmente inesperados, que foram desde a dança do ventre até outros passos caóticos, onde trocava sorrisos com o público inflamado.

Público que, alias, sofreu com a chuva que caiu antes da apresentação, fazendo a convidada da noite, Mallu Magalhães, mostrar seus dotes para uma casa quase cheia. Infantilmente, Mallu foi recebida com desrespeitosas vaias pelo público acostumado a ver correria no palco, mas rapidamente contidas por palmas e ovações – pedidas pela banda. A primeira música entre a cantora e a big band foi “Shine Yellow”, da própria Mallu, onde um desregulado som e o pouco ensaio dos músicos proporcionaram um momento infeliz entre a platéia e os destaques do tablado. Contra-baixo com o grave estourando; violão de Mallu com equalização praticamente nula; desencontro da banda com a música… Não rolou, mas ainda vinha mais por aí.

Mallu sussurrava ao microfone as letras que parecia não saber cantar. Na homenagem que prestaram aos 100 anos de Adoniram Barbosa, conseguiram até causar algum bom momento, mas ao tocarem “Aluga-se-vende” é que ficou evidente a falta de posição de Mallu entre aqueles nove homens: A guria, imóvel e tentando se manter fora de foco no canto do palco, começou a ‘cantar’ (sussurrar) a letra da música num tom desconhecido, causando uma grande estranheza no público e um olhar meio desentendido de André, tamanho o desafinado que ela resolveu mostrar na canção, precedido pelas vocalizações semelhantes àquelas mostradas no Altas Horas, ao lado de Wagner Moura e a banda Sua Mãe.

Mallu ainda subiria no palco para cantar outras duas músicas, no bis, encerrando o show com a banda ao som de “Sessarua” – cântico popular de domínio público gravada pelo Móveis para a Trama Virtual. O Móveis, com a Mallu ou sem Mallu, é grande o suficiente para encher de música qualquer noite de frio e chuva. A alegria é cantar e fazer parte dessa grande bagunça festiva, com ou sem Mallu.

*O Móveis toca gratuitamente na UFF de Niterói, na quinta feira, dia 12/08, junto com a Tereza e mais duas bandas. Mais um projeto da Ponte Plural. Informações aqui.

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Músico multi-instrumentista, DJ, viajante, criador e editor-chefe do site RockinPress, colunista e curador convidado do Showlivre, ex-colunista do portal de vendas online Submarino e faz/fez matérias especiais para vários grandes meios culturais brasileiros, incluindo NME, SWU, Noize, Scream & Yell, youPIX e os maiores blogs musicais do país. É especializado em profissionalização de artistas independentes e divulgação de material através da agência Cultiva, sendo inclusive debatedor em mesas técnicas sobre o assunto na Universidade Federal Fluminense (RJ) e no Festival Transborda (MG).

6 COMENTÁRIOS

  1. O meu primeiro (e melhor) show do Móveis foi no Circo Voador. Levei um murro no queixo, caí no chão e fui levantado pela mesma pessoa que me socou (acidentalmente). Tudo em menos de 5 segundos. Foi mágico.

    Já o segundo melhor foi num completo estado etílico e não me lembro de nada, só do swing contagiante que me rendeu uma noite explosiva.

  2. Meu primeiro show do Móveis foi inesquecível também. Lembro que estava puto, havia chegado do Rio naquele dia e minha então namorada nem me dava bola. Daí eu fiquei desidratado e de tanto pular no show do Móveis, passei mal pra caralho, antes do bis.
    No dia seguinte eu e ela terminamos.
    Romantico.

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