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Entrevista: Sofia Freire, a jóia lapidando jóias

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Nome simples, desprendida, sem medo. Fala abertamente e com convicção sobre o seu trabalho: criar versões experimentais para canções de estilos variados e musicar poemas, transformando-as em canções inéditas. Parece quase um trabalho de lapidar uma joia, buscando melhoramento. É mais ou menos isso o que a Joinha Records busca ao investir na simplicidade e inventividade de Sofia Freire.

Com apenas 15 anos ela já era escolhida pela gravadora (criada por alguns dos mais importantes nomes da música pernambucana) para gravar seu projeto. Sofia se foca em compor e acrescentar volume a sua música. Não tem faixas oficiais, clipes e nem uma página de artista no Facebook, mas no auge dos seus 17 anos, descobriu que o que melhor sabe é transformar belas palavras em belas músicas e dessas, 13 ou 14 faixas deverão entrar no lançamento de seu álbum este ano.

Ouvi suas musiquinhas e suas versões. Surpreendido. Conversei com o China e ele disse que você está aprontando lançamento. Me fale mais.
Então, to gravando meu primeiro álbum. Se der tudo certo esse ano mesmo sai, mas com músicas autorais. Meu Soundcloud é só recreativo. To fazendo pelo Joinha Records, inclusive, de China.

Sim, ele me falou. Mas a textura das músicas será nessa leva lo-fi, com loops vocais e arranjos mais diferentes ou vai investir em algo mais tradicionalista?
Sim, a proposta do cd é parecida com o Soundcloud, com muitas camadas de voz, loops… A diferença é que eu uso mais instrumentos. E é uma coisa mais eletrônica, com sintetizadores e umas batidas diferentes. É até meio ruim de explicar. Uso instrumentos eruditos, principalmente piano, que é o instrumento que eu toco e aí acaba sendo uma junção do erudito com uma coisa mais eletrônica.

E dá para definir um estilo ou uma referencia?
Acho difícil definir. Talvez um som meio pop e meio indie. Tenho como referência vários artistas: Susanne Sundfor, Fleet Foxes e Cocorosie. Acho que são os principais.

Isso alias me chamou atenção. Ao mesmo tempo que enumere versões de artistas indies você parte para um Coldplay e Paramore. Suas influencias e gostos são bem variados. Onde isso se dá dentro da sua música?
Sim, eu gosto de todo tipo de musica, mas quando se trata de compor eu vou mais pra um lado do que pra outro em questão de influência. Acho que, na real, o que acontece é que eu bebo um pouquinho do copo de cada artista que eu gosto muito, porque sempre tem algum diferencial no artista que é o que chama a nossa atenção.

Me fala como você começou a cantar, compor, arranjar.
Eu comecei a tocar lá pros meus 7 ou 8 anos, não me lembro direito. Quando eu tinha uns 10 anos eu gostava de acompanhar a minha irmã que toca violão fazendo segunda voz nas músicas. Ela participa de um grupo que tem umas músicas próprias, muitas vezes eu fazia essas músicas com ela e aos poucos foi fluindo. Eu fazia musiquinhas no teclado, mas era tudo por diversão mesmo, sabe. Eu nunca tinha cantado na frente de ninguém além da minha família até que um dia uns amigos escutaram e gostaram muito. Então aos poucos fui perdendo a vergonha e descobri uns softwares de gravação de áudio e fui testando várias coisas e resolvi fazer um soundcloud pra postar essas gravações. Aí em 2012 teve o Novas Jóias, que foi uma seletiva do Joinha Records e quando eu fui escolhida, passei a compor muito mais. Eu pego poesias aleatórias de amigos poetas, do meu pai e minha irmã que são escritores e transformo em música.

Como leva colégio e música e você já sabe o que vai seguir fazendo?
Eu quero, visse? Não me vejo fazendo algo diferente. To esperando acabar o colégio pra poder voar. O colégio atrapalha um pouco, aí tenho que ir aos poucos. To pensando em ir pra Alemanha fazer um curso de engenharia de áudio no SAE.

Você tem uns 20 mil players! Esse é um numero muito expressivo, não? Seus players são semelhantes a artistas de algum nome. Não parece que você é uma ‘cantora de quarto’. Como você chegou há esses números expressivos assim de streaming?
Rapaz, eu geralmente posto no Facebook quando tem coisa nova no Soundcloud. Aí a galera vai compartilhando, curtindo, mostrando pra outras pessoas. Fui ganhando seguidores. Não sei, divulgo normalmente. Eu também me surpreendo! Eu realmente não sei como isso acontece. Algumas músicas tem uma repercussão muito boa. É muito legal isso. Mesmo não sendo músicas minhas, eu fico muito feliz em ver que as pessoas gostam.

A Ciclos é sua, né? Ela já estará em seu disco?
Sim, sim. A letra é do meu pai, mas ela já tá diferente dessa versão. Desde que eu entrei no estudio muita coisa em mim musicalmente mudou. Aprendi a mexer em outros softwares não só de gravação de áudio, tipo o reason, Utilizando samples e tal. Isso meio que ampliou meus horizontes e saí um pouco daquela coisa só piano e voz. Então ciclos passou por umas modificações.

Você já tentou compor suas próprias letras?
Já, já tentei. Tenho algumas coisas mas são pensamentos aleatórios, sabe. Eu realmente não levo muito jeito pra coisa. Tenho muito mais facilidade em fazer melodias, arranjos.

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Músico multi-instrumentista, DJ, viajante, criador e editor-chefe do site RockinPress, colunista e curador convidado do Showlivre, ex-colunista do portal de vendas online Submarino e faz/fez matérias especiais para vários grandes meios culturais brasileiros, incluindo NME, SWU, Noize, Scream & Yell, youPIX e os maiores blogs musicais do país. É especializado em profissionalização de artistas independentes e divulgação de material através da agência Cultiva, sendo inclusive debatedor em mesas técnicas sobre o assunto na Universidade Federal Fluminense (RJ) e no Festival Transborda (MG).

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