Uma História de Vida: Phillip Long – Dancing With Fire (A Folk Opera)

Álbum: Dancing With Fire (A Folk Opera)

Artista: Phillip Long

Lançamento: 16 de maio de 2012

Selo: Independente

Baixe: amusicoteca.com.br/?p=6560

Rockometro: 8,7

Dancing With Fire é, na verdade, um convite que já aceitamos quando nascemos. É como expor e assumir nossos medos e anseios, uma crítica natural a nossa forma de encarar a vida e a forma que nós a vivemos. As músicas deslizam sentimentalmente em nossos ouvidos, nos questionando sobre o porque que nos apaixonamos se sabemos que na maioria das vezes só lágrimas cairão; argumenta sobre nossas formas de se culpar, como se nosso espelho estivesse quebrado e desfigurado. É sobre a saudade, a desilusão e a insegurança. Sim, é uma coleção de músicas sobre você.

Claro que existem discos e artistas com canções escritas sobre estas mesmas temáticas, mas a mistura sentimental das letras com o emocional trazido pela voz de Phillip Long faz de sua música algo sincero demais para não ser tocante. Nesta ópera musical, Long se despe completamente na frente de seus ouvidos e mostra um pouco das histórias guardadas em seu coração, demonstrando que nem sempre o melhor caminho está no lado sentimental da vida.

O disco conta a história de um homem que aos poucos perde o seu amor e passa pelos mais baixos momentos de sua existencia, até a sua redenção. A faixa de abertura convida o público a participar da dança, enquanto que “We Were Giants” desenha o início da queda, embalada pelo fim dito em “Venus of Woman”. Os arranjos vem carregados, fazendo o clima certo e dando mais sentido as letras, tanto que em “God’s Name” a repetição exagerada do verso principal passa a ter uma lógica pessoal, como a cabeça de alguém repleta de coisas que se repetem, sem lhe dar alguma resposta.

É interessante perceber a forma de compor de Phillip. A forma que ele repete palavras e o uso de frases semelhantes tornam a música mais perto do que seria uma conversa de desabafo. O uso dos palavrões mostra a raiva momentânea e a repetição da letra inteira dentro da mesma música trás ainda mais perto o questionamento contido dentro da canção.

A escolha de fazer um disco somente de violões, ao contrário da eletricidade do anterior, Caiçara (Musicoteca/RockinPress), também faz do álbum mais intimista, porém pecando na falta de uma bateria para realçar o ritmo em faixas chave. A inclusão de um contra-baixo acústico em músicas como “So Old To Fall In Love” e “Forsaken By Love”, as mais belas do disco, demonstram realmente que uma combinação baixo e bateria poderia melhorar ainda mais as músicas.

Outro ponto positivo foram os duetos com a cantora Maria Eliza em “It’s Hard When It Aches” e “Forsaken By Love”, agregando ainda mais força na carga sentimental do álbum e pontuando backing vocals durante todo o álbum. As belas canções instrumentais criadas por Eduardo Kusdra, “A Prelude For My Disgrace” e “A Requiem For My Joy”, só realçam a beleza melódia e técnica do músico e produtor do álbum, além de fazer ponte para outros momentos sentimentais do disco.

O álbum, em alguns momentos, passa a impressão de ser longo demais, além de ter faixas não tão atrativas melodicamente, como “Sometimes”. Porém, retirar uma vírgula destas canções soa como pular um capítulo inteiro dentro de um livro de Oscar Wilde. Se pode te parecer longo ou vazio em certos momentos, tenha certeza que foi exatamente este sentimento que o personagem principal passou para contar-lhe esta história.

Na faixa que encerra a trama, Phillip sentencia: “A estrada para a redenção passa direto pelo fogo”. Não é simplesmente uma história baseada no amor. Nossa vida tem exatamente estes altos e baixos, mas o tempo nos trará de volta o sorriso que abandonamos um dia. Você sabe bem disso e é exatamente o que Long quer te mostrar. Você não precisa que o maior folker brasileiro te ensine o caminho de volta. Você sempre teve o caminho dentro de você.