Resenha: Marcelo Camelo @ Canecão 13/12/2008

“Parece que o amor chegou aqui.”

E assim, na surpresa do momento saudosístico, termina o surpreendente show do eterno Hermano Marcelo Camelo neste último sábado (13/12) no Canecão, Rio de Janeiro.

O seu blogueiro amigo, esteve a matar saudades da época em que Los Hermanos dominavam seu falido mp3 player. Um Canecão cheio para assistir Camelo debutar oficialmente (não, o Tim Festival não valeu) seu primeiro álbum solo (Sou, Sony BMG) e fazer o público bater palmas, cantar e até mesmo dançar ao som de novos e antigos clássicos da carreira vitoriosa de Marcelo.

A Casa, claro, ajudou bastante pelo fato de sua acústica e sonoridade estarem impecáveis. Tanto de frente ao nosso vocalista quanto na entrada da casa, o som entrava em nossos ouvidos em excelente qualidade. Com um palco muito bem iluminado e cheio de sons distintos, porém nunca antes tão bem encaixados, Marcelo deu aos seus fãs o show que eles esperavam e um pouco mais, emoção e ainda nos mostrou de brinde os detalhistas do Hutmold e seus mil e um instrumentos.

A beleza sonora começa ao som do violão limpo de “Passeando” e um Marcelo solitário em cima daquele tablado visualizado por centenas de fãs bestificados só pela presença do Hermano. Mas a solidão se desfaz na seguinte, “Téo e a Gaivota” fez esse moço que vos fala tremer e ter arrepios com a força que a doce melodia nos passa.

E assim vai, o show desbanca qualquer “achismo” de que é dependente de um antigo repertório que já não é tocado a mais de um ano, nas guitarras dos Los Hermanos, mas que agora perdem espaço ao mpb emocional de Camelo. Momentos como Tudo Passa e Doce solidão, são cantados em uníssono pelo público jovem, porém com suas famílias nas mesinhas que dominaram o Canecão. Arrisco dizer que todos imaginaram Mallu Magalhães entrar por aquele canto escuro do palco e dedilhar o violão na fabulosa “janta” proposta pelos dois, mas faltou alguém.

Mas do que seria do compositor sem suas eternas canções. Camelo mostrou duas músicas entregues nas mãos da também fabulosa cantora Maria Rita. Despedida e Santa Chuva nem foram tanta surpresas, mas, de longe, ouvir Camelo cantar essas músicas já emociona o público. Porém os pontos altos do show foram as músicas dos Hermanos. “Pois é” abriu caminho para mais 4 canções desaguarem nos corações solitários sem os Los Hermanos nos palcos. A versão de Morena, meio samba e meio carimbó, também arrepia. O Hurtmold sabe fazer versões nos moldes que Marcelo impõe à suas canções.

Um ano e meio atrás, esse blogueiro emocionado perdeu o último show dos barbudos por simples falta de sorte. Tinha o ingresso e estava em São Paulo… O que as mulheres não fazem de nós? Esse peso foi morto ao escutar os primeiros acordes de “Além do que se vê”. Sim, esse blog também chora. E pela primeira vez em um show, com uma banda, que essas lágrimas descem por esse rosto de pedra. O final, sempre, é lindo, eterno.

Após uma jam bem louca, onde o Hurtmold mostrou de onde vem, o bis é aguardado. E nele vemos Santa Chuva, já BEM conhecida na voz de Maria Rita e já citada aqui. Após, vem a catártica Copacabana. Juro ver uma escola de samba ou a Orquestra Imperial entrando pelos corredores do público e fazer todos sambarem. Muito belo.

Acabou. Ou não. Mesmo após a banda se despedir, as luzes do local se acenderem e os roadies começarem a desmontar o palco, o público não arredou o pé de forma alguma. Tava tão bom assim? Sim estava. Nem 5 minutos de aplausos e ele não volta. Que público é esse… Sim, ele estava no palco de novo, sem nem saber o que tocar. “Mas eu nem tenho repertório!”. Senhoras e senhores temos “A outra”, sem os metais, fica para os homens o encargo de cumprir a tarefa que um dia foi de Índio, Zacarias e Bubu, nos metais dos Hermanos. E isso a pedido de Camelo! Ao fim, Camelo se despede, mas o público não. Sem graça, coça a cabeça por não saber o que tocar. E nessas “Fez-se mar” encerra de maneira triunfal a impecável e imperdível apresentação de Marcelo Camelo no Canecão neste incrível dia 13 de dezembro de 2008 às 22:00, DC (Depois de Camelo).

“Posso estar só, mas sou de todo mundo”

Obs.

Ainda hoje irá para o ar vídeos e todas as fotos do show.

Amanhã tem matéria sobre os fãs de Marcelo Camelo.