Oyá Tempo: a obra de Luiza Lian

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LUIZA LIAN
Luiza Lian Oyá Tempo

Selo RISCO
26/03/2017
www.luizalian.com.br/oyatempo/

Nota

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Lançado pelo selo RISCO, Oyá Tempo é um álbum visual constituído por um filme média metragem, um site e composições inéditas. Nada nesse trabalho é por acaso. A relação entre esses três espaços não se encerra ao contar uma história. Há questionamentos, movimentos e conceitos bem estruturados. A experiência visual é essencial.

As imagens (do filme e do site) que compõe essa obra aparecem como uma demanda própria das canções, que se apresenta por esses dois eixos. Luiza contou, em uma entrevista para o Itaú Cultural, que para ela “É como se fosse um álbum visual que tem dois eixos – nessa parte da digitalização e tudo mais. Então tem o eixo vertical, que é o site – um tipo de reflexão a respeito do tempo, da espiritualidade, do espírito, do destino –, e tem um eixo horizontal, que é o filme – que conta mais uma história mesmo, ele é linear, está preso no espaço de alguma maneira, tem uma narrativa.”

A versatilidade de Luiza Lian, para além de sua formação acadêmica em música e artes, vem à luz quando olhamos para sua trajetória até esse álbum visual. Em seu trabalho de estreia (lançado em 2015), que carrega seu nome no título, a influência do jazz e do blues é uma marca. Agora, com uma sonoridade mais madura, a cantora consegue criar um lugar muito próprio e particular, onde seu som circula.
Oyá Tempo, produzido por Charles Tixier, tem uma relação direta com inquietações da artista, com sua forma de ver o mundo e como sua religião, e espiritualidade, contribuem para esse olhar. O álbum é uma representação da encruzilhada das cidades, do encontro de várias gerações e o reflexo de tudo isso nessa época.

O grande regente desse trabalho é o tempo, representado na figura de Oyá, orixá dos ventos que representa o tempo, fato que vai desce o conceito até a execução. As inquietações de Luiza em relação a forma como as pessoas estão se relacionando, passa pela forma como nos utilizamos das redes sociais e da interação que temos com quem está do outro lado, ou com quem está do nosso lado e reflete sobre a circularidade do tempo.

Entre composições/cânticos umbandísticos da cantora e sua trajetória pelo mundo do “spoken word” há um universo envolvido pela música eletrônica, pelo trip-hop em diálogo com a música brasileira e pela espiritualidade com o funk, proporcionando um encontro plural entre tradição e contemporaneidade.

O filme, que se passa em uma cidade litorânea, mostra a relação de um casal – em uma atmosfera sombria, densa e plástica onde as escolhas estéticas evidenciam isso, além de regerem o filme em um tom de roxo – representados pela cantora Nina Oliveira e o rapper Diggão. Com direção de Camila Maluhy e Octávio Tavares e produzido pela Diaba.

O responsável pela criação do site foi o artista visual Dedos (Rafael Trabasso). A ideia inicial, de Luiza, era fazer um álbum visual que unisse performance e música, e ter um site. Tudo começou com esse site. “Eu passei a me encontrar com o Rafael e a construir uma narrativa sobre o tempo, sobre a temporalidade e tudo mais, o que é uma das características que essa orixá representa. Então ele fez esse site, que é como se você passeasse nesse universo pixelado, atravessando a terra e indo para o fundo do mar.”

Mais do que um álbum visual esse trabalho abre espaço para um diálogo direto com as diferentes faces da arte. Oyá Tempo não está fragmentado em cada um dos suportes que o recebe. Cada uma dessas partes constituí um elemento importante, dentro do conjunto da obra, possibilitando diferentes sensações e percepções a cerca das canções.

Luiza Lian – Oyá Tempo