O Outro Lado da Jennifer Lo-Fi: Fragile Arm – O Desdobramento de Uma Fé Desacreditada

Álbum: O Desdobramento de Uma Fé Desacreditada

Artista: Fragile Arm

Lançamento: 23/03/2012

Selo: Independente

Baixe: mediafire.com/?m9hamhmidpq79a8

Rockometro: 9

Provavelmente você nunca ouviu falar de uma banda paulista chamada Fragile Arm. Inicialmente contando apenas com o técnico de som e músico de estúdio Miu, o projeto acabou crescendo quando o japa paulista entrou para a Jennifer Lo-Fi e encontrou nos vocais de Sabine Holler a companhia perfeita para suas experimentações desenfreadas. São canções que lembram o jazz quebrado dos trabalhos de Marcelo Takara e baseadas não em melodias vocais base e sim declamação de livros e poemas.

Miu acabou deixando a J-Lo no fim de 2011, mas a dupla com Sabine ainda continua e traz frutos, como o EP O Desdobramento de Uma Fé Desacreditada. Nesta segunda bolachinha, temos um instrumental muito mais envolvente e sentimental, contemplado com um trompete pontual em quase todas as faixas e um lado pop assobiável que muitos desacreditam dentro de uma canção experimental.

O trabalho quase artesanal de “Precipitações” encanta, principalmente o terno violino que segue ao fundo, até sermos surpreendidos por uma das melhores músicas do ano: a angustiante “Ahquaseesqueci” traz Miu declamando sozinho um poema que seu tio escreveu anos antes. Ao final do EP, ainda existe uma faixa secreta não nominada mostrando a faceta eletrônica do duo, algo nas barbas do Aphex Twin, o que já vale a audição.

É interessante também citar o descomprometimento do trabalho com o padrão mercadológico. Os nomes das canções traduzem mais o momento das gravações do que a canção propriamente dita. Basta ver a bela “Vai Assim Mesmo” e a confusão de pensamento e leitura de “Olhando Para o Teto”. A capa é uma foto tirada do Picassa, sem tratamento ou edição posterior, deixando-a até com o formato retangular padrão de fotografias e longe do quadrado básico das capas de disco.

É realmente interessante notar a facilidade que a batida reta da bateria consegue nos fazer mover, principalmente porque a guitarra apenas dedilha leves acordes limpos, como uma cama sonora contemplativa e inebriante. Esse é um fator que expressa do caráter lo-fi do trabalho, com bateria mais alta que o padrão de gravação ou o baixo totalmente inexistente. Há um pouco de jazz, um punhado de bossa e um tanto de alternativo, mas não há mais que o saboroso ingrediente da surpresa, peça chave no apaixonante som da Fragile Arm.