Lencinho: Notícias do Front Inconstante

Estive um tempo ausente porque estava fora do eixo (estava amarradão de começar um texto assim). Mas quem não está um pouco fora do seu eixo com esta montanha russa de acontecimentos que temos vivido! Quem não está com a sensação de que o cotidiano está com mais atualizações que o seu smartphone? Da última vez que estive aqui o prefeito do município do Rio de Janeiro tinha acabado de receber a mídia ninja. De lá pra cá muita coisa aconteceu. Destaco a importância de duas:

– A plenária do prefeito da cidade do Rio de Janeiro com agentes da cultura mobilizada pelo grupo Reage Artista! As reuniões do Reage Artista acontecem toda segunda desde os fechamentos abruptos dos teatros da cidade em consequência da tragédia de Santa Maria. Nela se discutem as políticas culturais da atual gestão. É uma forma de se pensar coletivamente a cultura. E foi esse grupo que conseguiu levar o prefeito para essa plenária. O prefeito é bonzinho? Não. Ele não está fazendo mais que a obrigação como representante democraticamente eleito. E nitidamente quer fazer todas as manobras possíveis para não estar vinculado ao governador Sérgio Cabral.

– A revogação da resolução 013. O governador do Estado do Rio de Janeiro Sérgio Cabral revogou a resolução 013, que colocava a decisão de deixar ou não o acontecimento de eventos culturais em comunidades a cargo do comandante da UPP. A revogação desta resolução é uma vitória da sociedade como um todo, dos fazedores de cultura, e daqueles que acreditam no direito à cidade. O governador fez isso porque é bonzinho? Ora, faça-me o favor! Sérgio Cabral, que a princípio era um alvo paralelo dos manifestantes, virou vidraça das grandes desde que tudo começou no já rapidamente longíssimo junho.

E enquanto escrevo essas linhas, a câmara segue ocupada. Quais os próximos capítulos? Difícil essa resposta. Mas saber que essas manifestações, nesse país de tão jovem democracia, tem levado políticos a reverem sua postura e sua arrogância perante ao mundo, é uma vitória sim. Só que uma vitória da batalha. Não da guerra!

(Foto: Hudson Pontes / Agência O Globo)