Holger + Dorgas @ Roqueadores, Realengo – Rio de Janeiro 26/03/2011

Começou com um comentário no twitter, depois umas conversas com a produção e finalmente Holger e Dorgas dividiriam o mesmo palco. A amizade das duas bandas vai além dos tablados e se estende até as conversas non-sense no camarim e projetos conjuntos. O Holger já ouvia incessantemente as músicas do Dorgas quando os cariocas foram fazer a primeira turnê em São Paulo, a convite de uma outra grande banda, a Inverness. Em um show do Garotas Suecas em São Paulo, a amizade se consolidou e se estendeu por uma festinha particular durante toda aquela noite que mudaria o destino do Dorgas e abriria a cabeça do Holger.

Sem medo de dizer nas entrevistas que o Dorgas é melhor que qualquer banda que eles viram no SXSW 2011, o Holger foi até Realengo, no subúrbio carioca, fazer o terceiro show consecutivo de sua rápida porém explosiva turnê carioca. O camarim cheirava forte a cigarro. Os jornalistas da Vice Internacional (que fazia um documentário com o Holger), da Melody Box (entrevista com as bandas) e da RockinPress (pois é) faziam fila para registrar imagens e colher palavras, na maioria das vezes ditas sem nenhum sentido ou verdade, tendo ainda intervenção dos integrantes da outra banda a cada momento. Para você ter uma idéia, em duas entrevistas o Holger deu três versões diferentes para o motivo do nome da banda. Todos eles estavam ali para se divertir regados a café com Red Label – receita de Eduardo Verdeja, de 18 anos e Lucas Freire, guitarra e bateria do Dorgas.

foto por Go West

Nas horas livres antes dos shows começarem, o camarim se tornava uma concentração non-stop de idéias. Ali foi combinada turnê conjunta das duas bandas começando do sul do país e terminando em Santiago, no Chile; ida para São Paulo do Dorgas para gravação de um split com o Holger num sítio de um amigo; e um convite para o Dorgas gravar um cover do Holger para uma coletânea de bandas tocando as músicas do Sunga, álbum do Holger – a dúvida ficou entre “Toothless Turtle” e “Geneçambique”. Pata (Holger) e Guerra (Dorgas) eram os mais animados e proporcionaram momentos hilários como a avaliação dos cds e fotos expostos no camarim da casa, o futebol e o basebol com Maçã e outras loucuras.

O “Dolger” começaria a se formar quando a primeira banda subiu no palco da Lona Cultural Gilberto Gil. O Dorgas começou nervoso, meio travado, mas logo se soltou quando viu o sorriso dos 5 Holger no canto direito do palco. A banda está mais coesa, mas certa de si e menos inexperiente. Segundo o próprio quarteto carioca, depois do show histórico que fizeram na Casa do Mancha em São Paulo, com uma jam infernal junto com o Holger e o Inverness, os fizeram pensar de outra forma em como se portar no palco. Nos 40 minutos de show, mostraram as novas “Grangrongon”, que abriu o show, a novíssima “Vaanderglock” e “Fez-se Cristo”, além de “Salisme”, “Loxhanxha” e “Dito Antes”, já lançadas no Verdeja Music EP e no single de Loxhanxha.

Dorgas na passagem de som (foto por Marcos Xi)

Ainda em “Loxhanxha”, Pata subiu ao palco para tocar o acorde único da canção no teclado, repetido por 10 minutos. Tchello (Holger) aproveitou enquanto Guerra dançava loucamente e começou a tocar guitarra. A música vira uma sessão experimental completa quando Pata começa a errar o ritmo e Verdeja soltou um solo diferenciado. Está pronta a nova versão do último single do Dorgas. Público perplexo com a apresentação dos cariocas, tirando elogios da produção do evento, do donos da Lona Cultural e até dos gringos que vieram ver o Holger. Depois dos pedidos de bis e a execução, só sobraram sorrisos nos rostos dos garotos.

Combinada a surpresa, um play num sampler de “No Brakes” para que todos cantem afinados a música de abertura do show. Diferente das outras duas noites anteriores, onde tocaram no Grito Rock Niterói e RJ, o Holger não tinha outras bandas diferentes e nem um público estranho ao seu som. O clima também, segundo Pedro Bruno (Holger), foi e sempre será definitivo para qualquer show – e a julgar pela vibe de qualquer Roqueadores, a noite tinha tudo para ser ainda mais incrível. A energia e sinergia entre o palco e o público era muito forte e permeou a primazia de apresentação do quinteto paulista.

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Dolger – Sou Foda

Já na segunda música, “Toothless Turtle”, o Dorgas já estava dividindo o palco pela primeira vez na noite, fazendo o público se entregar mais ainda. Em “Caribean Nights”, aos pedidos da banda, alguns começam a levantar suas camisas e dançar. A lona não tem ar condicionado, e mesmo com a ótima passagem de ar nas entradas, o convite acaba sendo tentador. No meio do público, “Hey!” dos Pixies ganha uma cara mais axé nas mãos do Holger e como presente ainda mandam “The Auction”, do Green Valley EP, que não havia sido tocada em nenhuma das noites cariocas anteriores.

Com a festa já armada, o Dorgas invade novamente o palco e convida algumas belas moças para cantar “Let’em Shine Bellow” junto com outros invasores. A bagunça não supera o mega apoteótico final de “She Dances”. Ao som de “Sou Foda”, o Dorgas começa a loucura final do show, numa batida de funk empolgante e invasão de cerca de 60 pessoas em cima do palco da Roqueadores. O microfone passava de mão em mão com pessoas estasiadas cantando funks divertidos e antigos. Na hora, os Dorgas pegando a guitarra e o baixo e outros membros do público levantando outros instrumentos percussivos encontrados pelo chão do palco. Parecia uma festa sem fim, uma bagunça juvenil e divertida, daquelas que você só vê em vídeos do youtube e nunca pode participar.

Fui dormir com a imagem do Guerra de cueca pulando cavalinho em cima do Rolla (Holger) num palco lotado ao som de Funk cantado 100% ao vivo. Pois é, você perdeu mais uma chance.