3º FLASH MOB DO SWU

www.focka.com.br | Foto Rennan Teixeira

Qual é o parâmetro de envolvimento em um movimento popular?

A definição de flash mob passa por essa questão, mas a resposta transcorre límpida por uma flácida idéia de como e onde.

Existem claramente duas histórias distintas no contexto do festival SWU. A primeira tem relação com as pessoas atingidas pelas ações promovidas pelo festival, a segunda tem íntima ligação com as pessoas que sentem.

Sete horas, uma lua e o jazz das calçadas escondem uma única estrela à direta de quem encara o satélite de frente, existem câmeras, repórteres e duas pessoas: Rafael e Pauliane.

Em uma avenida, onde o coração mecânico de Oz pulsa com urgência metalizada, as engrenagens chaplinianas produzem um eco em vácuo na alma. Carros atordoantes e fumaça invisível recobrem cada bronquiolo esfacelado pelas luzes de milha, que sorriem paranóias inconstanes. Um megafone marca o início da dispersão na esquina da rua Haddock Lobo. Bicicletas dois dias antecipando a data marcada para o não uso de automóveis, acompanhadas por uma banda chamada Crash Diet.  A debandada é  literal, de peregrinos nicotizados buscando um átomo guia.
E nesse Babylon-flash ainda andavam Rafael e Pauliane.

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Acompanhamos durante as semanas o desenrolar dos fatos, as discussões, críticas fundamentadas em parâmetros socio-político-culturais dos mais abonados intelectualmente e financeiramente. Todas as pancadas coloridas ou não que seletivas, eventos e o nome SWU desperta. Um esforço ao testar a ciclovia construída da cidade de Dorothy, pela estrada de tijolos amarelos até o homem atrás da cortina.

A caminhada até a praça Oswaldo Cruz, onde um dia morou a rádio rock, foi lenta. As bicicletas foram-se e a tão chamada conscientização sustentável parecia um Neo perdido esperando Morpheu. Impressão de que à qualquer momento o programa iria parar e Smith surgiria. Mas não é bem assim que as coisas funcionam…

Um movimento semeia idéias e idéias são seres piores que bactérias. Intenção concreta de fazer as pessoas perceberem um anti arquétipo junguiniano de botique moderna. A sombra permanece durante todo o trajeto, pois as pessoas não sabem e não querem ver. Clamar a recuperação da camada de ozônio atirando uma bituca na rua não é ação, mas sim conformismo (meu e seu).
A teoria dos espelhos ainda não funcionou, pois as camisetas parecem chamar mais a atenção. Porém reside nesse pessimismo todo dois sorrisos, os de Rafael e Pauliane.

Então revela-se a outra face dos festival, esquecido por entre posts de arrebatadora paixão contrária.

Canções arrebatam. Mostram toda a fragilidade de uma vida e desnudam sentimentos avassaladores por uma alma que sente. Canções doem dentro do ventrículo toda a vez que um acorde enche de água os olhos de alguém que sabe que aquela nota é somente dela, foi feita com exclusividade (mesmo isso não sendo real).

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Por isso se existe uma coisa que pode-se admirar dentro do SWU é que o festival conseguiu fazer com que pessoas se mobilizassem por uma paixão. Marcassem encontros insólitos e criassem amizades inusitadas. Como a de Rafael Salgado e Pauliane de Oliveira Lima, dois ganhadores de um par de ingressos.

Vendo suas almas destilarem acordes absolutos de emoção incontida, consegui lembrar-me da maior característica do rock. A transcendência do arquétipo do desamor.
Olhar a salinidade nos olhos dos dois escorrendo por um peito aberto de sentimentos, lembra que é exatamente como dizia Camelo:

“Avisa que é de se entregar o viver”.

Não quero discutir organização, preços de ingressos, nem outras das importantes questões, que sim que devem ser debatidas. Nem aqui plataformar uma bancada que diz que essa alegria é falsa pois o festival é feito para a classe média alta e a sustentabilidade é dos filhos dos ricos.
Prefiro hoje ater-me a leveza do caminhar de Rafael e Pauliane voltando para casa. Fizeram-se amigos e foram embora com aquilo que o rock tem de melhor, a emoção do incontido sentimento dentro do peito.