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Simonami lança “Então Morramos”. Ouça e leia a Resenha e Entrevista

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Já tem muito tempo que acompanhamos o engatinhar da Simonami. A banda foi criada por amigos que se uniram pela arte e formaram um doce conjunto de compositores, resultando em um EP gravado da maneira mais rústica e descompromissada possível e no filho tão sonhado que ganha as ruas, esquinas, fones de ouvido e corações apaixonados no dia de hoje. Então Morramos se esparrama pelo chão com um conjunto romântico de canções, num ensaio latino ao folk, as emoções e a amizade.

Com gravação simples, rápida e produção de Vinícius Nisi (A Banda Mais Bonita da Cidade), Então Morramos passeia pela literatura e o imaginário pessoal de maneira gostosa e emocional, simplificando arranjos e abrindo mais espaço para as vozes muito bem aproveitadas em coros apaixonantes de “Janela” e “Nós-Um”, as grandes faixas do trabalho. Conquista o ouvinte exatamente por convida-lo a fazer parte da roda de violões dos amigos. Diferente da alegria incrustada nas composições anteriores da banda, o registro privilegia o clima e o envolvimento sentimental das canções, dando vez as camadas mais densas do repertório da Simonani.

O trabalho está disponível para download gratuito no site oficial da banda e em pré-venda física no Tanlup. A banda lança Então Morramos em um show no Teatro Paiol, em Curitiba, cidade natal do quinteto, no dia 1º de agosto, com ingressos já a venda. Para contar um pouco mais da banda, trocamos algumas palavras com o violonista Jean Machado em uma entrevista não planejada, mas motivada pela audição do disco, as surpresas e dúvidas que a banda nos oferece. Confira:

“Então Morramos”?
Há um ano e meio atrás vimos uma mulher que conjugava verbo de forma engraçada. Ela sempre trocava: “então comamos” ela falava “então comemos”, “então oremos” ela falava “então oramos”. Aquilo virou uma piada interna pra nós. Sempre que ouvíamos alguém falando alguma besteira, alguém mandava um “então oramos”. Na época da gravação percebemos que escolhemos canções mais tristes e pesadas. Pra equilibrar lembramos de nossa piada interna e resolvemos usar o “Então Morramos”. Aí conjugar o verbo deixou de ser piada, mas eu acho que encaixou certinho na obra inteira.

O sentimento presente em cada canção é forte, fácil de perceber. Dá uma sensação de liberdade poder mostrar ao mundo o que te corroí pela música ou na verdade acontece um pouco de vergonha de se expor tanto, com tantos sentimento?
Sim. É libertador, sim. Mas a vergonha da exposição já acontece quando a gente escreve e mostra pro amigo ou pro outro integrante da banda. Eu acho que mais importante que lutar contra a vergonha é a forma com que o resto da banda recebe a composição. Se eles foram sensíveis e respeitosos, não há do que se esconder na hora de gravar. No nosso caso, se passou pela aprovação dos amigos mais próximos, tá ok! Pode ser exposta para todos.

De onde nasceram essas variações português/espanhol das músicas?
As composições tem influência do escritor Gabriel Garcia Marquez. A Lilian gosta muito das obras dele e a Layane acabou sendo influenciada. Layane tem mais fluência em espanhol e acabou usando essa facilidade nas composições dela.

O disco é mais acústico. Isso é pensando no formato que vocês tem praticado em shows?
Hm.. não. Eu acho que estávamos nesta fase acústica. O objetivo principal da gravação era parecer orgânico e não ser um disco “plastificado”. Nós ensaiamos o disco inteiro e no dia gravamos juntos as vozes e violões. Eu acredito que isso deu uma outra cara e outro clima pro disco.

Quais seriam as maiores influencias para a sonoridade deste álbum?
É dificil responder. Posso falar por mim e pela Lilian (talvez também por Layane) e bem pouco sobre Alexandre e Fernanda. É dificil porque nós ouvimos coisas diferentes e acabamos nos misturando. Houve uma época em que ouvi MUITO Bon Iver e por ele acabei descobrindo o trabalho solo de Sean Carey, que também ouvi intensamente. Nós muito ficamos felizes quando estamos na mesma playlist que Peter Broderick, Local Natives, Fleet Foxes, Lucy Rose, Sufjan Stevens, Tegan and Sara… Estes foram os artistas mais influentes para nós na época da gravação do Então Morramos.

O Simonami seria um coletivo musical? Algo como ‘amigos compositores que juntam seus talentos e vozes em busca de um resultado para todos’?
É. É uma descrição bacana. Juntamos sim nossas referências e intimidades. Aqui a gente se expõe uns nos outros. Acho que isso dá um resultado bacana na hora de arranjar, de opinar sobre as composições…

Um grupo unido na alegria e que divide sentimento, em demasia triste, em suas músicas? Esse seria o clima interno do Simonami?
Exatamente. Dividimos nosso fardo. O peso e sofrimento ficam ali no papel na hora de compor. A Simonami foi se construindo e hoje eu posso dizer que é uma família. Só não temos o mesmo sangue mas nos comportamos como uma família. Cuidamos uns dos outros.

Pode-se dizer que não há um líder na banda? Alias, banda? Coletivo? Como preferem que chamem?
Sim, pode. É banda mesmo. (risos) Nós caminhamos juntos respeitando a opinião da maioria. Quando um não gosta de alguma coisa buscamos compensar de alguma forma ou procuramos um caminho alternativo para todos se sentirem bem. Buscamos ao máximo o conforto e respeito de todos os integrantes. Acho que com um “líder de banda” teríamos menos alternativas. Na Simonami há aqueles que tem mais influência em alguns assuntos. A Lilian e Layane tem muita facilidade na comunicação (resenhas, Facebook, opinião nas composições e melodias) da banda, a Fer é designer, o Shan é cineasta e eu to estudando música. A opinião de cada um é bem respeitada e considerada em suas áreas específicas, mas aqui todos opinam e aí buscamos a aceitação de todos.

Vocês são uma banda ‘gospel’? Que no caso, fazem música pensando em deus?
Gospel não, a gente não curte gospel. Somos cristãos, mas um rótulo gospel não encaixa na gente. (risos)

O foco de vocês é atingir a massa secular?
O foco é atingir quem curte música. Não nos preocupamos muito com o gospel ou secular. Alguns cristãos se identificam com as letras (algumas letras que nem falam exatamente sobre o que ela se identificou), outros se identificam com os arranjos, com as vozes das meninas… Gostamos muito disso. Gostamos de ter a oportunidade de atingir públicos diferentes.

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Músico multi-instrumentista, DJ, viajante, criador e editor-chefe do site RockinPress, colunista e curador convidado do Showlivre, ex-colunista do portal de vendas online Submarino e faz/fez matérias especiais para vários grandes meios culturais brasileiros, incluindo NME, SWU, Noize, Scream & Yell, youPIX e os maiores blogs musicais do país. É especializado em profissionalização de artistas independentes e divulgação de material através da agência Cultiva, sendo inclusive debatedor em mesas técnicas sobre o assunto na Universidade Federal Fluminense (RJ) e no Festival Transborda (MG).

15 COMENTÁRIOS

  1. É mesmo? Gente, que coisa. Conheci há um tempão por acaso… Acho que chegamos a conversar deles, mas não sabia que era sua amiga. Ela canta demais! Que voz maravilhosa! E Marcos Xi, amor é essa música que nos une. (:

  2. Simonami "'Somos cristãos".., – MAS VCS NÃO REVENRENCIAM NOSSO SENHOR E SALVADOR JESUS CRISTO!!! ONDE ESTÁ A HONRA E A GLÓRIA A NOSSO SENHOR EM SUAS MUSICAS???

  3. Acompanho-os desde 2011, e é muito bom ver o quanto vêm evoluindo… Não acredito em Deus, mas isso não me impede de ouvir músicas que citem Deus e qualquer outra crença. Se a música é boa, eu escuto!

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