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Um trabalho bem estruturado, pensado de forma colaborativa, que apresenta resultados interessantes e empolgantes. Talvez, essa seja uma boa síntese do que é Resistente, o EP de Frederico. O mineiro colocou no mundo um disco amplo, cheio de possibilidades e para completar, lançou junto, um EP visual. O conjunto da obra é bonito, envolvente e abre o leque para pensarmos o que é resistir, e as diferentes maneiras, e caminhos, de fazer isso.

Sempre muito ligado à escrita, Frederico começou a compor pequenas coisas quando aprendeu a tocar violão e a medida que começou a se apresentar, em bares e casas noturnas de Uberlândia, foi percebendo que queria cantar suas próprias palavras.

A mudança do artista para São Paulo o transformou e isso marca o disco, de alguma forma. “Chega a ser um clichê essa coisa de se mudar para São Paulo e ficar “chocado” com a grandeza da cidade e o ritmo de tudo por lá, mas é verdade. Mas no fim das contas acho que o que mais me marcou na mudança foi ver a forma como as pessoas se relacionam, como a cidade afeta a proximidade das pessoas e a profundidade das relações.” comenta o cantor. Ele foi em busca de aperfeiçoamento musicalmente, fazer um curso de produção musical, porém foi surpreendido por um projeto que o representava artisticamente.

O EP foi gravado no estúdio Aurora Sounds. As cenas, da parte visual, foram gravadas em Uberlândia e São Paulo, e tem participação das performers Mariana Montezel e Isabela Palhares, da artista e drag Alma Negrot, além das atuações de Joaquim Vital e de Frederico.

Para saber mais sobre a trajetória do artista, suas influências e formas de pensar, acompanhe a entrevista que fizemos com ele. É possível acompanha-lo pelo Facebook e visitar seu Site.

Como/quando começou sua trajetória na música?
Comecei a cantar na adolescência, mas não pensava em fazer isso profissionalmente. Uns cinco anos atrás comecei a cantar nos bares e casas da minha cidade, fazendo covers de música pop e comecei a compor. Meu projeto autoral começou a tomar forma em 2015. Comecei fazendo pequenos shows misturando músicas minhas com outras músicas brasileiras que me inspiravam, sempre de uma forma mais acústica. Até o ano passado quando me mudei para São Paulo e lá me reconectei com um amigo que havia conhecido aqui em Uberlândia e produzimos o EP. No ano passado fiz alguns shows mais expressivos já com músicas minhas, abrindo uns shows de artistas maiores e participando de alguns festivais, mas ainda numa esfera bem local.

Seu trabalho vem muito sólido, com uma estética própria. Seja nas cores, pensando na parte audiovisual do EP, ou nas letras. Como é/foi pra você a construção desse EP?
O EP aconteceu de uma forma muito colaborativa. Eu vivo em um círculo social bem criativo em Uberlândia e me uni a vários amigos daqui para fazer o projeto acontecer. Uma coisa importante para mim era não chegar com uma proposta sólida para ser meramente executada, eu queria que criássemos algo juntos e tudo aconteceu bem nesse caminho. Eu tinha definido um conceito que era a dualidade entre o urbano e o natural, algo que me marcou muito na minha mudança de Minas para São Paulo. As músicas que escolhi gravar já tinham sido escritas, algumas há vários anos. “Tarde Demais”, por exemplo, foi a primeira música que compus com uma ideia mais sólida de criar algo autoral. As letras são sempre algo difícil parar mim de falar, porque eu não sei exatamente como ocorre meu processo criativo. Não tenho um processo muito objetivo de criação, certas coisas me inspiram e me emocionam e crio a partir disso. Quando cheguei para o Rico Jorge com a ideia de criarmos algo juntos, não pensávamos em criar um EP. Era somente um experimento com uma das músicas, mas acabou dando muito certo e evoluiu para as faixas que lançamos.

Você disse que o processo foi muito coletivo e que você tentou levar algo mais sólido para começar a pensar o trabalho. A ideia de criar um EP visual fazia parte dos planos desde o início?
Sim! A ideia de fazer algo visual inclusive já existia antes em outros projetos de EP que acabei nunca desenvolvendo. Eu sou fascinado pela junção música + vídeo e a potência disso. Então conseguir fazer isso já no meu primeiro trabalho foi muito gratificante. E tem gerado uma resposta muito interessante e gostosa.

Frederico – EP Visual

Você se sente um resistente em São Paulo?
Com certeza!Uma coisa que sempre falo nos shows e em algumas entrevistas quando me perguntam sobre o que motivou a letra de “Resistente” é que todo mundo tem algo ao qual precisa resistir, de várias formas. Acho que viver exige resistência, sobreviver ao momento político do Brasil exige resistência, ser “minoria” em qualquer aspecto, enfim, é aplicável a todo mundo.

Nesse tempo que você misturava suas composições com canções de artistas que você gosta, quais eram/ainda são suas principais influências?
Eu gosto muito de vários tipos de música e às vezes cito referências que são meio difíceis de enxergar no produto final da minha música. Artistas que marcam minha vida como Caetano Veloso e Marisa Monte são parte do meu ser e com certeza me influenciam de alguma forma. Agora alguns artistas que marcaram o processo desse EP são alguns nomes dessa nova leva de artistas brasileiros que flertam com a MPB e os elementos mais eletrônicos. Jaloo, Silva e Mahmundi por exemplo, me despertaram a vontade de habitar um lado da música brasileira que não é pop, não é rock e não é mpb como a gente conhece. Eu acho isso interessantíssimo. Em um lado internacional eu sou fascinado pelo som do James Blake, e existe algo na escrita de uma artista chamada Banks que me representa, que é essa coisa de falar de sentimentos sem rodeios. Eu acho que escrevo de uma forma muito direta, não penso muito na minha música como uma criação poética sabe? Penso nela como uma conversa. Eu quero que as pessoas identifiquem o próprio sentimento delas nas minhas palavras.

Frederico – Resistente

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