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Resenha: Tiê @ Cinemathèque RJ 18/07/09

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Como uma doce revelação da música brasileira, a pequena-grande Tiê está rodando o país em divulgação de seu primeiro trabalho, o belíssimo álbum Sweet Jardim, e mais uma vez desagua suas amorosas e tristes músicas no Rio de Janeiro, que mais uma vez a recebe de braços abertos, feliz e pedindo cada vez mais.

A casa, o Cinemathèque, é simples e aconchegante ao som sereno que Tiê nos dá. A jovem adolescente de 30 anos, desabrocha simplicidade e sentimento em cada uma das 10 canções que compõem o seu repertório, sem contar as pequenas surpresas que nos aguardaram no decorrer da apresentação.

Roberta, que é o nome verdadeiro de nossa Tiê, começa explicando de onde vem seu nome artístico e dedilhando os poucos arcordes de “Passarinho”. A grande realidade é que a guitarra que a acompanha, mestrada pelo incrível produtor, músico e arranjador Plínio Profeta, é o instrumento diferencial em seu show, já que transporta todo o clima e sonoridade imposta no álbum ao grande público e ao vivo. A voz de nossa cantora também é mágica, linda e sempre em forma, produzindo belas linhas vocais, características de seu estilo próprio, e dissonantes a MPB atual, colocando Tiê num grupo de cantoras indecifráveis, porém facilmente entendíveis.

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O show se torna uma grande roda de amigos, pois Roberta olha para cada uma das pessoas que compõe o público como se estivesse cantando para eles, sorrindo e mostrando suas histórias de amores e desamores, como numa grande roda de amigos. Tiê conta histórias sobre suas músicas, mostra suas favoritas e brinca com Plínio sobre suas opiniões musicais e improvisos durante a apresentação. O público responde bem com aplausos gostosos, e até arrisca cantar a música do primeiro clipe da cantora “Assinado Eu”.

Alguém pede a música que já foi tocada “Chá Verde”, um copo cai e quebra durante seu show ou mesmo o barman fazendo um drink no bar e o som saindo tão alto quanto seu show não abafam o sentimento que contorna a apresentação. De certo que é um show bem calmo, num rítmo bem devagar e simplório, mas o encerramento é bem digno de seu talento. Tiê canta um cover que fará parte da nova tiragem de Sweet jardim e anuncia uma inusitada convidada: Nana Rizinni, baterista, cantora e compositora, que está no Rio a passeio e deu uma palhinha com Tiê de sua música “Busy In the City”, do ep Bacon Eggs. Bela simetria entre as cantoras, que dividiram as vozes como duas cantoras devem fazer. Recorde-se que Nana tocou com Thiago Pethit na abertura do show do Jens Lekman, em São Paulo, no mês passado.

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Fim de show. Tiê e Plínio recolhem seus equipamentos e As The Dj’s recomeçam sua música, até serem interrompidas pelo público e por Tiê, pedindo para tocar só mais uma. Daí, temos uma inusitada versão, voz e violão, com letra meio improvisada de “I’m Too Sexy”, clássico do Right Said Fred, lá do início dos anos 90. Depois dessa, só saindo correndo do palco sob uma chuva de pedidos de bis.

Inegável talento da música brasileira que não tem medo de ser simples, de cantar sua vida e de se entregar de corpo e alma. Proválvel que com o passar dos anos, e com seus novos lançamentos, essa jovem cantora um pouco mais velha que as Mallus do Brasil, alcance palcos maiores do que umas duzentas pessoas que a viram no Cinemathèque e todas as outras que a viram em todo o país. É simples, pura e sincera.

por Marcos Xi

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Músico multi-instrumentista, DJ, viajante, criador e editor-chefe do site RockinPress, colunista e curador convidado do Showlivre, ex-colunista do portal de vendas online Submarino e faz/fez matérias especiais para vários grandes meios culturais brasileiros, incluindo NME, SWU, Noize, Scream & Yell, youPIX e os maiores blogs musicais do país. É especializado em profissionalização de artistas independentes e divulgação de material através da agência Cultiva, sendo inclusive debatedor em mesas técnicas sobre o assunto na Universidade Federal Fluminense (RJ) e no Festival Transborda (MG).

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