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Lencinho: O tiro certeiro de Brian Azarello e Eduardo Risso

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Desculpem os fãs de Peter Parker, categoria a qual me incluo também, mas os perdedores de verdade, aqueles que realmente encontram o azar em cada esquina, estão nos romances policiais. Philip Marlowe, criação do escritor Raymond Chandler, é um exemplo disso. Seus casos geralmente envolvem mulheres fatais que vão embora no final da história, muito conhaque e pouca grana! Chester Himes é outro nome. Seus romances focavam na ação de dois detetives negros, Jones Coveiro e Ed Caixão, no Harlem.

Todas essas histórias foram escritas há muito tempo. Este gênero, também batizado de noir, em anos mais recentes, apareceu em citações, homenagens, referências, e tal. A Marvel inclusive lançou uma série onde colocava seus heróis neste contexto noir. Tem até um encadernado Demolidor Noir nas bancas. Não sei se é bom. Me desempolguei ao ler as adaptações que fizeram no gênero para os X-Men e o Wolverine.

Até que um dia, o destino, a oportunidade, e uma boa editora (me refiro à profissional Karen Berger), juntou o roteirista Brian Azarello e o desenhista Eduardo Risso e os caras fizeram uma obra policial onde não falta nada: mulheres fatais, detetives com pouca grana, magnatas inescrupulosos, gangues de rua servindo de bucha, suspense constante no ar e, claro, muitas balas. Até porque a série da qual estou chamando atenção atende pelo nome de 100 Balas.

A série começou a ser publicada em 1999 pela Vertigo, selo adulto da DC Comics. A trama começa com o agente Graves procurando uma pessoa que teve sua vida arruinada e oferece uma mala com uma arma e cem balas irrastreáveis, para que esta pessoa se vingar. Porque ele faz isso e quais motivos o levam a escolher e “ajudar” essas pessoas, você descobre lendo. Parece que a história foi criada para ser apenas uma mini-série, mas o sucesso acabou fazendo a trama se estender por, ora vejam, cem edições.

E escrevo esse texto porque a Panini Comics publicou no mês passado o penúltimo encadernado da série. O de número quatorze. O próximo, o décimo quinto, encerra a trama. E claro, aí que mora o perigo. Acompanhei com carinho Y-O último Homem, série também da Vertigo, escrita por Brian K Vaughan. Mas até agora eu não sei se gostei da forma como a série foi encerrada. De repente não é nem um problema com o desfecho escolhido, mas a forma como foi apresentada. O triste dos finais de uma série que você gosta é que o fim significa um adeus àquele universo que tanto o te cativou. E, como toda relação, se a coisa não termina como esperamos, fica aquela sensação de decepção. Ou até de enganação, como alegam terem sido muitos fãs da série Lost (não assisti, faço essa afirmação com coisas que ouvi em um botequim ali e um fila de mercado aqui).

Claro que nos dias de hoje, qualquer um pode ir num Google da vida e usar seus dedos para achar esta série e lê-la antes de aguardar a conclusão da publicação no Brasil. Eu prefiro adiar esse gostinho. E independente do que vier, Brian Azarello e Eduardo Risso fizeram uma das melhores obras de quadrinhos publicadas na década passada. Cada encadernado eu li numa golada só. E se você está em busca de uma boa leitura e não conhece 100 Balas, fica aqui o convite. Inclusive até para os não-leitores de quadrinhos.

A leitura de 100 Balas, com trocadilhos, é tiro certo!

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Lencinho é uma daquelas figurinhas clássicas da vida carioca. Durante o dia assume diversas responsabilidades no Circo Voador e nos finais de semana coloca todo mundo para dançar em sua festa Tupiquinim ou na abertura dos shows mais incríveis da lona verde e branco da Lapa. É o criador do zine O Escracho do Regaço, além de ser um grande amante e colecionador de quadrinhos e da cultura musical brasileira.

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