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Festival DoSol 2014 1° dia: Da redenção ao rap de raíz

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Um misto de cena independente, profissionalismo mainstream e história para contar: parte frequente de cada edição do mega festival potiguar DoSol, que em 2014 completa sua décima primeira edição, aberta nesta sexta (07/11), com uma espécie de showcase de bandas do cenário do pequeno estado nordestino.

Em cima do palco do Centro Cultural DoSol e acompanhados de um potente som montado no local, sete bandas/artistas se alinharam para distribuir potência em cima do público que esgotou os ingressos antecipados para a data de estreia. Post-rock, metal e rap dialogaram juntos com públicos diferentes, com claro distanciamento dos fãs de rock ao do rap, quando as duas últimas atrações subiram no palco.

A mistura acabou sendo um pouco agridoce, principalmente pelo posicionamento mais pesado na parte ‘com guitarras’ do lineup (a sequencia Rejects e Son of a Witch) sendo drasticamente cortado para um rap clássico e histórico na cidade de Chico Bomba & Zé Baga – estes que frisaram bastante que estão juntos principalmente para pregar paz, já que cada um vem de comunidades rivais de Natal. O público, em bem maior parte roqueiro, rapidamente foi procurar seu par, as barraquinhas de cerveja do lado de fora ou partiram para casa. Só os fãs do estilo do gueto ficaram no local.

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Talude, banda que abriu, ditou bem a sequencia rocker da noite: bons riffs que geram boas massas sonoras ao público. Os riffs saíram tanto da competente guitarra base quanto da criativa, regionalista e pesada bateria, ganhando distinção nas seguras linhas de baixo, mas se perdendo em exageros da guitarra solo em efeitos, trejeitos e estilo wannabe Johnny Greenwood, mostrando que é uma potente e promissora banda, mas que precisa ser mais bem produzida e lapidada.

Lapidar também é um claro problema da localmente hypada Son of a Witch. Envolta de uma névoa dark e se auto proclamando ‘o senhor das trevas’, a banda mostrou apenas quatro músicas durante todo o curto show de meia hora (o mesmo para todos os artistas do evento), tentando trazer alguma experimentação com um stoner rock mais duro, quase metal e beirando ao progressivo, principalmente para o tempo das músicas, causando rápido cansaço em quem nunca ouviu a banda. Só a primeira música do lineup durou quase 15 minutos de duração.

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A noite pode ser reconhecida, também, pela redenção de algumas bandas. Com shows de médio para fraco nas edição de 2013, a Mahmed e o Rejects deram um grande salto de qualidade. A primeira, prestes a lançar seu primeiro disco, amadureceu seu formato no palco e conseguiu passar o sentimento que suas canções criam dentro do ouvido de quem curte em casa. Estão chegando no ponto do Rejects, banda com muitos anos de vida mas que pouco se apresenta ao vivo. Mostrando um entrosamento musical impressionante, exploraram com fluidez os clichês de seu estilo e se mostraram como uma banda em outro nível de qualidade para o cenário, necessitando urgente exportação para o mercado nacional e rotatividade de festivais, tamanha a qualidade e altura (absurda) dos decibéis que seu show proporcionou.

Mas o grande destaque da noite de estreia vem de outra redenção: Após um intervalo causado principalmente pela prematuridade da banda, o trio Kung Fu Johnny basicamente destruiu. Quem tava do lado de fora entrou para ver e quem estava dentro não descolou os olhos do palco. Rock bluesy, claramente influenciado pelo Black Keys (principalmente pelo set e equipamentos do guitarrista César Valença), com um resultado energético e surpreendente. Com presença de palco absurda e vocais muito bem colocados pelo baterista Ian Medeiro, causou espanto e deixou um gostinho de espera por novidades dessa nova fase da banda – um disco de inéditas ainda em processo de mixagem e lançamento sem data definida.

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