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Você pode nem saber, mas possivelmente já deve ter ouvido alguma canção com o dedo do André Whoong. O músico paulista enumera canções ao lado de Tiê, David Byrne (Talking Head) e trabalhos com Adriano Cintra, Odair José, Bonde do Rolê, Nana Rizinni e Banda Uó.

Agora, André passa para frente do microfone e expõe canções próprias no álbum 1985 – nome em alusão ao seu ano de nascença. O primeiro single, “Vou Parar de Beber”, ganhou um clipe esperto feito em fotografias ao longo de 3 meses de baladas, fotos e montagem. 1985 tem doze canções produzidas pelo próprio Whoong com Fabio Pinczowski, além da produção executiva da Tiê (dona do selo que lança a obra, o Rosa Flamingo) e participações mais que especiais de Leo Cavalcanti, Bárbara Eugênia, Tó Brandileone, Tim Bernades (O Terno) e da própria Tiê.

O disco está disponível para audição nas principais plataformas de streaming e também no show de lançamento, que ocorre dia 29/09 no SESC Pompéia no projeto Prata da Casa.

Leia a entrevista com André Whoong

Porque agora tanto tempo depois de tocar, compor, participar, resolveu gravar um disco próprio?
Eu percebi que depois de anos acompanhando artistas estava na hora de fazer as minha músicas. Eu sempre me inspirei nas pessoas com quem tocava.

Então você sempre tocou com quem admirava?
De certa forma a admiração é consequência da vivência com as pessoas. Algumas pessoas eu comecei a tocar por que era amigo e ia percebendo durante o processo o quanto aquela pessoa era genial e tinha algo a oferecer. Que nem aquele amigo do colégio sabe que de repente você percebe que o cara manda muito bem em alguma coisa. Eu descobri o que eu admiro nos artistas que eu acompanhava convivendo com eles.

No disco tem o To Brandileone, que é um cara foda! Eu estudei com ele na Faculdade de música da Santa Marcelina e aprendi muito com ele a por sua verdade na canção. Ele é um cara muito certeiro. A Tiê, por exemplo, é uma peça fundamental no disco e eu sempre fui muito desorganizado. Ela deu um foco de objetivo e inspiração. A Tiê sempre enxergou o meu ponto forte e conseguia me expor isso. Ela praticamente escolheu as musicas que integram o disco, porque eu tinha umas 20 e ela apontou as 12 que achava que compunham uma unidade. E ela tem experiência, né?

Alias, você fala (e parece mesmo) que vocês são uma família de amigos.
Sim. Considero muito com quem trabalho. Tenho esse lance de me apegar nos amigos e tratar como uma família. Talvez pelo fato de eu ter vivido muito tempo como eremita.

Notei uma questão muito íntima nas letras, um quase questionamento de suas próprias ações e um retrato diário seu. É um disco confessional?
Claro! A “Eu vou parar de beber” por exemplo é um retrato fiel daquelas ressaca brava (risos). Acordei num dia de ressaca e comecei a compor sem pensar em métrica e tal. Quando vi já tinha um refrão pronto fácil de associar. Ela foi a primeira música que eu me senti à vontade pra compor e dizer coisas do que sei ou acho que sei. A partir disso achei uma forma de compor que me agradasse. Falar do meu dia a dia. Então falo desde a promessa de parar de beber até o lance de fazer 30 anos e aprender que o amor a si próprio é mais saudável do que aquele lance de sofrer de paixão.

Ou seja, o disco trata não só do seu reencontro pessoal e questionamentos, mas também de um reencontro musical, da forma de trabalhar e criar.
Sim. Eu sempre trabalhei como arranjador e produtor. Então fazia mil tipos de músicas e arranjos. Tive que encontrar uma unidade pra parada.

Achei interessante também esse foco em batidas eletrônicas. De onde nasceu esse pensamento?
Eu sempre gostei de texturas musicas dos anos 80. Eu usei bastante um instrumento chamado omnichord, que é dos anos 80. Ele é demais. O conheci naquele desenho ‘A Hora da Aventura’ e depois encontrei numa festa em Nova Iorque com um amigo chamado Andrew Hoepfner que toca com o Darwin Deez. Daí pirei na ideia de usar ele. Então preenchi o disco com ele e ficou uma textura mais lúdica e nostálgica.

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